Escritor conta história do pai que era ladrão
Obra ficcionaliza a vida de uma família de assaltantes.
Ana Maria Ribeiro
21 de Março de 2016 às 08:17
Stefan Thunberg tinha 25 anos quando, na véspera do Natal de 1993, ligou a televisão e viu o seu próprio pai e o seu irmão mais velho a serem perseguidos pela polícia. Ele não sabia, mas a família estava envolvida nos assaltos que, ao longo de três anos, deixaram a polícia sueca sem soluções.
Quase duas décadas depois, Thunberg – que entretanto se fez argumentista de cinema e TV – decidiu fazer a catarse da infância e da juventude. Juntou-se ao escritor e ex-jornalista Anders Roslund e escreveu ‘O Pai’, livro que acaba de ser publicado em Portugal pela Planeta e que é best-seller na Suécia.
"Há coisas que alterámos, em relação à verdade dos acontecimentos, mas o que me preocupou foi a verdade emocional", diz Thunberg. "Quis mostrar a verdade nas relações entre este pai e os seus filhos, que tantas vezes passa pela violência."
Anders Roslund, que tem outras experiências de escrita a quatro mãos, diz que a Suécia despertou para a violência depois da morte do primeiro-ministro Olof Palme, assassinado há 30 anos, na rua. Um crime sem solução. "Enquanto sociedade nunca mais fomos os mesmos", garante ele para explicar a proliferação da ficção sueca sobre crimes, com Stieg Larsson (da saga Millenium) à cabeça.
‘O Pai’ vai ser levado ao cinema: a DreamWorks adquiriu os direitos e Steven Spielberg deverá realizar o filme. Anders Roslund diz que prefere não se envolver nesse processo. "Em Hollywood tudo demora demasiado tempo..."
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