O negócio da venda do Pavilhão Atlântico (PA), em Lisboa, a Luís Montez, dono da Música no Coração e genro de Cavaco Silva, está a ser investigado pela Justiça por suspeitas de favorecimento.
O equipamento, que custou ao Estado cerca de 50 milhões de euros, foi vendido ao consórcio Arena Atlântico por 21,2 milhões em 2012. O governo PSD-CDS optou por negociação particular em vez de concurso público, num processo quase secreto.
De acordo com uma reportagem da TVI, a direção do PA fazia parte do consórcio de Montez, mas isso só foi revelado aos outros dois concorrentes - o grupo de Álvaro Covões, dono da Everything is New, e a AEG - quando saiu a decisão de venda.
Durante o concurso, a equipa manteve-se em funções e reuniu com os concorrentes sem lhes revelar que estava na corrida.
A investigação revela ainda que Montez conseguiu dinheiro para o negócio através do BES de Ricardo Salgado: o fundo de capital de risco emprestou 19 milhões de euros e entrou como acionista da Arena Atlântico, que gere o PA. Além disso, o banqueiro convenceu Zeinal Bava a pagar 11 milhões de euros para que aquele passasse a chamar-se MEO Arena. Uma operação cujos pormenores foram revelados pelas escutas telefónicas registadas no Processo Marquês.
O
CM tentou contactar Luís Montez, mas este não se mostrou disponível. À TVI, porém, o empresário disse que nunca deu instruções direta ou indiretamente a Ricardo Salgado. Já a Procuradoria-Geral da República adiantou que a investigação que está a decorrer "não tem arguidos constituídos e está sujeita ao segredo de justiça".