O supergrupo formado por Zé Pedro (Xutos), Tó Trips (dead Combo), Samuel Palitos (A Naifa), Paulo Franco (Dapunksportif) e Donny Bettencourt lança disco de estreia.
O facto de os Ladrões do Tempo terem levado quatro anos a fazerem o disco de estreia quer dizer que não era uma prioridade ou foram os vossos projetos-mãe que o foram adiando?
Zé Pedro – Foram as duas coisas juntas. Primeiro gravar um disco nunca foi, de facto, uma coisa muito importante para nós. E depois, nos últimos quatro anos, todos estivemos ocupados com os nossos outros projetos, foram os discos dos Xutos, dos Dead Combo e de A Naifa, e isso afastou- -nos um pouco. No ano passado, quando surgiu o convite para fazermos o tributo ao Lou Reed no festival SBSR, acabámos por convidar para se juntar a nós o Donny Bettencourt [em substituição do Pedro Gonçalves] e foi ele a pessoa que de repente impulsionou esta coisa toda.
Voltemos ao início. Como é que começaram os Ladrões do Tempo?
ZP – Tudo começou com uma ideia minha e vem da altura em que me desafiaram para fazer um disco. À data não estava com muita vontade de fazer um álbum a solo e propus fazer uma coletânea com as minhas participações com o Jorge Palma, o João Pedro Pais, o João Só, o Paulo Gonzo, o Sérgio Godinho e por aí fora. Como precisava de uma música que servisse de cartão de visita decidi gravar o ‘Mora na Filosofia’ e convidar o Pedro Gonçalves e o Tó Trips, a quem se juntaram o Samuel Palitos e o Paulo Franco. Juntos gravámos a versão do ‘Mora na Filosofia’ do Caetano Veloso e as coisas correram tão bem que começámos logo a trabalhar em bases para outros temas.
Portanto os Ladrões do Tempo começam apenas por prazer pessoal sem qualquer intenção comercial?
ZP - Sim. Começámos simplesmente por gozo, pelo prazer de juntar os amigos.
Mas isso tem riscos!
ZP - Pois tem [risos]. Nestas coisas nunca se sabe se nos damos bem a trabalhar juntos ou se é só cá fora a beber copos. O facto é que as coisas resultaram muito bem. A química que criámos foi muito grande.
A amizade no trabalho é sempre uma coisa muito complicada!
Tó Trips – Neste caso não foi, porque connosco não há cá egos. Há um bem-estar muito grande pelo facto de estarmos juntos e de partilhamos histórias e músicas.
O facto de já serem veteranos da música, isso é uma coisa que facilita ou dificulta a formação de novos coletivos, até porque há sempre cedências que têm de ser feitas?
TT – Sim, mas eu acho que a única coisa fixe em envelhecer é que, à partida, as pessoas tornam-se mais tolerantes e compreensivas umas com as outras.
ZP – Eu acho que tivemos muita sorte com as personagens que vieram aqui parar, porque ninguém apareceu com egos exagerados. O bom de estarmos a trabalhar juntos é que estamos ali à vontade a dar e a aceitar sugestões. A própria forma como recebemos o Donny de braços abertos foi muito bonita, de tal forma que ele até acabou por vir a ser coprodutor do disco com o Nelson Carvalho.
Foi mesmo assim Donny?
Donny Bettencourt – Sim [risos]. Nesse processo eu tive total ‘free pass’ para dar as minhas ideias. Quando entrei as músicas já estavam todas feitas e basicamente aquilo que foi preciso fazer foi escolher os arranjos.
Porque é que tudo começa com uma versão de um tema de Caetano Veloso, o ‘Mora na Filosofia’?
ZP - Porque é um tema que faz parte de um disco que se chama ‘Transa’ e que eu ouvi muito na minha adolescência. Mais tarde, já nos Xutos, vim a descobrir que o Gui também gostava dessa música e volta e meia lá íamos nós a cantar na carrinha. Portanto foi uma música que sempre me acompanhou.
Mas o original é bem diferente da versão que fizeram. Foi essa versão que acabou por marcar o estilo do grupo?
ZP - Sim, o original é bem diferente porque era uma música lenta e psicadélica. A nossa abordagem mais rock ‘n’roll foi muito fácil e isso acabou por definir a sonoridade do coletivo. E quando assim é, o resto nasce com naturalidade. Sempre que aparecia uma ideia trabalhava-se.
E as letras?
ZP - As letras foram feitas por todos nós em conjunto. Só falta o Donny mas já está prometido que ele vai escrever para o próximo disco.
Ainda antes de sair este registo vocês tiveram de substituir o Pedro Gonçalves. O que aconteceu ainda numa fase tão prematura do projeto?
ZP – O Pedro tinha outros trabalhos em mãos, entre os quais o disco da Aldina Duarte. Foi uma coisa perfeitamente pacífica. Como estivemos algum tempo separados, quando regressámos ele já tinha a mesma disponibilidade. Daí até chegarmos ao Donny para o substituir foi uma coisa rápida. Ainda ninguém o conhecia bem, mas o nome dele veio à baila. Eu liguei-lhe e ele aceitou.
Vocês já têm todos experiência de gravar discos com outros projetos e vêm de uma altura em que efetivamente se vendia bem. Ainda vale a pena gravar discos?
TT – Acho que sim até porque se o pessoal não grava discos, os media não falam em nós [risos]. As bandas que lançam no digital só podem ser bandas superconhecidas, como os U2, Rolling Stones ou Radiohead.
Mas cada vez o disco é mais um cartão de visita para o palco!
ZP – Sim, mas isso acontece cá e no estrangeiro. O disco ainda tem uma componente que o digital não oferece. Eu acho que a capa do nosso disco é brutal e tem umas fotografias fabulosas. E depois, um disco é o que fecha o processo criativo. Até lá as canções podem sofrer todas as alterações. É como o exame para os alunos. Quando chega a hora de gravar tens de lá pôr tudo o que sabes.
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