Lutou por um país mais culto, interveio na vida coletiva como melhor soube, com as suas palavras e a sua guitarra, sempre de forma relevante porque se recusava a fazer coisas supérfluas.
Pedro Barroso, o artesão das canções, o músico que, mais do que letras, escrevia poemas, morreu na madrugada desta terça-feira, no Hospital da Luz, em Lisboa, vítima de doença prolongada, aos 69 anos.
Há três meses, já revelava em entrevista à Lusa que vivia com grandes limitações. "A condição física, após mais um ano de tratamentos médicos, impede-me de tocar e, mesmo na parte de canto, canso-me ao fim de minutos", dizia. Recentemente, o filho, Nuno Barroso, na sua página oficial, dava conta que o pai tinha sido internado na unidade de Cuidados Paliativos, "devido a ter entrado num processo de fase terminal da doença" oncológica.
Nascido em 1950 em Lisboa, filho de pais professores, Pedro Barroso formou-se em Educação Física e foi professor durante mais de 20 anos. Revelou-se como músico e cantor no programa ‘Zip-Zip’, da RTP, acompanhado por Pedro Caldeira Cabral e Pedro Alvim.
Intérprete de êxitos como ‘Menina dos Olhos D’Água’, festejou em dezembro passado 50 anos de carreira, em Torres Novas. Deixou gravado um álbum, ‘Novembro’, a editar "em breve", segundo a editora Ovação.
A ministra da Cultura, Graça Fonseca, lamentou o desaparecimento de "um dos trovadores do 25 de Abril".
"Pedro Barroso ensinou-nos que a resistência de um povo também se cria a cantar", disse a governante. Já Marcelo Rebelo de Sousa lembrou Pedro Barroso como um músico "ativo, interventivo e enérgico" e o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, afirmou que perdeu um amigo, que recordou como "uma das figuras mais importantes da música popular portuguesa".