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"Público português é muito engraçado, acolhedor e educado"

Gregório Duvivier começa esta terça-feira a sua digressão por Portugal.

20 de outubro de 2015 às 18:52

Correio da Manhã - Está em Portugal para apresentar ‘Uma noite na Lua’. O que podemos esperar deste espetáculo?

Gregório Duvivier - É a história de um homem tentando escrever uma peça de teatro. É como se a peça fosse dentro da cabeça dele e o espectador acompanha o processo criativo. É um monólogo. Ele foi abandonado pela mulher, por isso fala-se também de amor. É sobre solidão, amor e, no fundo, teatro, porque ele está a tentar escrever uma peça.

Como chegou a este desafio?

Quando li o texto apaixonei-me. O João Falcão, autor do texto, disse-me logo que ia gostar. Apesar de nos anos 90, com o Marco Nanini, ter tido muito sucesso, nunca mais ninguém pegou outra vez no texto e quando o João mo mostrou disse logo: "é o melhor texto que li até hoje".

Como se sente sozinho no palco?

É muita responsabilidade, mas ao mesmo tempo dá-me muito prazer não depender de nada nem de ninguém. Por exemplo, nesta temporada estão marcadas muitas cidades e era difícil conciliar se o elenco fosse grande. O bom é que posso fazer a peça quando e onde quero. Essa liberdade é muita boa e é também por isso que estou há três anos em cartaz.

É a primeira vez que atua em Portugal?

Sim.

Mas já teve contacto com o público português?

Sim. Já ca vim noutras ocasiões, lançar o ‘Porta dos Fundos’. É um público muito carinhoso, muito acolhedor comigo. As pessoas aqui amam o programa e já há muitas que lêem a minha coluna no jornal ‘A Folha’ que escrevo no Brasil. Esse tipo de contacto é muito legal e não esperava isso. Surpreendo-me sempre como as pessoas não só percebem mas também gostam do que fazemos no brasil.

O povo português reconhece-o?

Muito. É muito engraçado, muito acolhedor e é muito educado. É diferente do público brasileiro, que nos toca, que é mais físico. Falam-me sempre com muita elegância, fico sempre surpreendido. Nós não aprendemos isso com vocês. Aprendemos muita coisa, mas isso não.

Há a ideia de que os brasileiros não percebem o português de Portugal e vice-versa…

Comigo sempre soube que não, porque sou muito fã de coisas portuguesas, adoro os Gato Fedorento. Fiquei muito feliz quando soube que iam fazer a cobertura das eleições e acho muito importante esse papel de humor político. Adoro o Bruno Aleixo, sabia tudo de cor.

Qual é que o tipo de humor nesta nova digressão?

É um humor poético, que também gosto muito. É mais lírico, mais ‘chapliniano’ e gosto muito disso. É algo universal, que fala na condição humana. Um humor que faz pensar.

Como é que surgiu a ideia de criar o canal de Youtube da ‘Porta dos Fundos’, que se transformou neste sucesso a nível mundial?

Sempre gostamos de fazer humor anárquico e isso era impossível fazer na televisão aberta. Eles diziam que dava, encomendavam o programa, nós escrevíamos, gravávamos e depois era cancelado em cima da hora. Era uma frustração tentar fazer este humor na televisão aberta no Brasil, era algo muito fechado.

E foi assim que olharam para a internet…

Percebemos que não era na televisão que iriamos fazer o que queríamos. Quando começamos a ter sucesso, a Globo tentou comprar, mas as propostas, artisticamente, eram muito ruins, queriam trocar atores, dobrar algumas partes. Era impensável para eles fazer da nossa maneira. A graça do ‘Porta’ está muito na liberdade e se tirar os palavrões, religião, politica, não sobra nada e perde a piada.

Depois deste sucesso o que é que mudou na sua vida e na sua carreira?

O que mudou mesmo foi as portas terem-se aberto. Sem querer fiz uma piada, mas é verdade. Hoje em dia, transitamos muito mais. Mesmo com esta peça, um monólogo, eu visitei o Brasil todo. A ‘Porta’ atingiu o Brasil todo, é um sucesso. É tudo graças a isso.

O Gregório é filho de um artista plástico e de uma cantora e aos 9 anos já fazia teatro...

Desde muito cedo acompanhava os meus pais nos espectáculos deles, e sempre sonhei com esse meio. Nunca pensei fazer outra coisa, nenhuma profissão "séria". Lembro-me até de ter falado com o meu pai uma vez porque queria ser economista, quando era adolescente, e ele olhou-me com desgosto. Do género, "você quer ganhar dinheiro?". Foi uma vergonha porque toda a gente na minha família é artista. Mas é bom porque via muito os meus pais, então romantizava a profissão e sempre vi as dificuldades e irregularidades, os altos e baixos, o risco que se corre o tempo todo e então já escolhi sabendo das dificuldades.

Lista de espetáculos de Gregório Duvivier em Portugal:

20 Outubro – Vila Real – Teatro de Vila Real

21 Outubro – Braga – Teatro Circo

22 Outubro – Faro – Teatro das Figuras

24 Outubro – Caldas da Rainha – Centro Cultural das Caldas da Rainha

27 Outubro – Lisboa – Teatro Tivoli

28 Outubro – Lisboa – Teatro Tivoli

29 Outubro – Leiria – Teatro José Lúcio da Silva

30 Outubro – Figueira da Foz – Centro de Artes e Espetáculos

31 Outubro e 1 Novembro – Porto – Teatro Sá da Bandeira

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