A edição de hoje
Criou os Xutos & Pontapés, que se estrearam em 1979, com Zé Leonel, Tim e Kalu.
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Milhares de fãs gritaram em uníssono o nome de Zé Pedro no Coliseu dos Recreios a 4 de novembro, todos com esperança de voltarem a ouvir o músico de 61 anos, que terminou o concerto dos Xutos & Pontapés feliz mas debilitado. Morreu esta quinta-feira, 26 dias depois, vítima de doença prolongada.
Os problemas de saúde tinham sido assumidos no Facebook. "Amanhã começo um novo tratamento e garanto que é para GANHAR", escreveu Zé Pedro no dia a seguir a despedir-se da sala de concertos lisboeta. A crença na capacidade de ultrapassar mais um azar que o perseguia e se escondia à espreita era natural em quem descobriu ter hepatite C em 2001, após ser internado com uma hemorragia no esófago, e se viu forçado a fazer um transplante de fígado dez anos mais tarde.
O autor de ‘Não sou o Único’ nunca deixou que os danos colaterais do ‘sexo, drogas e rock’n’roll’ no início da carreira pusessem em causa os Xutos & Pontapés, banda formada em 1978, consigo à guitarra, Zé Leonel como vocalista, Tim no baixo e Kalu na bateria . Desde a estreia, a 13 de janeiro de 1979, até ao último concerto, foi uma das suas grandes forças, nos palcos e na composição de canções que não saem dos ouvidos de gerações de portugueses, como ‘Circo de Feras’, ‘À Minha Maneira’ ou ‘O Homem do Leme’.
No horizonte de Zé Pedro estavam os 40 anos da banda, em 2019. "Não quer dizer que tenha de ser logo em janeiro, mas ao longo desse ano temos de fazer uma grande produção. Não há como fugir", disse ao CM em 2016, aquando do 60º aniversário.
Os restos mortais de José Pedro Amaro dos Santos Reis estarão esta sexta-feira no Museu dos Coches a partir das 16h00. No Sábado realiza-se missa de corpo presente, no Mosteiro dos Jerónimos às 13h00, seguindo-se a cremação numa cerimónia privada.
Um amor inabalável
"Foi uma sorte ter encontrado a minha mulher, ter o apoio da família e os colegas não me terem deixado. O rock’n’roll manteve-se e isso ajudou-me a acreditar. A 1 de agosto de 2001, parei com tudo [drogas e álcool]", disse ao CM Zé Pedro, que não poupava elogios à "mulher da sua vida".
Cristina Avides Moreira, 46 anos, foi o grande apoio do músico até ao último dia.
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