O setor da Cultura, já de si marcado pela precariedade, está a ser um dos mais afetados pela pandemia da Covid-19. No cinema, produtores, distribuidores e artistas falam de "asfixia" numa altura em que precisam mais do que "pequenas esmolas" do Governo.
Mas não é assim em todo o lado. A Alemanha anunciou um pacote de medidas no valor de 50 mil milhões de euros para artistas e empresas da área. "Os artistas não são só indispensáveis, mas também vitais, sobretudo agora", disse a ministra da Cultura alemã, Monika Grütters. França vai avançar com uma primeira fase de "medidas excecionais" que custarão 22 milhões. Por cá, o Ministério da Cultura disponibilizou linha de apoio de 1 milhão de euros para artistas e entidades culturais "em situação de vulnerabilidade".
"Em Portugal, a Cultura sempre viveu de esmolas, apesar de ser essencial para o ser humano", afirma Paulo Branco. "Este princípio vai custar ainda mais dinheiro ao Estado que, em vez de nos apoiar para podermos ajudar o País a recuperar, está a asfixiar-nos", continua o produtor, fazendo referência a "verbas do Instituto do Cinema e do Audiovisual [ICA] que estão cativas há anos pelo ministério das Finanças" e que podiam ser utilizadas para criar um "plano de emergência".
PORMENORES
Plataforma
O Governo vai apoiar a criação de uma "plataforma inédita" para que empresas e entidades públicas e privadas façam um "investimento direto e imediato" em projetos artísticos, anunciou a ministra da Cultura, Graça Fonseca.
Manifesto
Figuras das artes subscreveram um ‘Manifesto em Defesa de um Presente com Futuro’ na Cultura, dirigido ao Governo e outras entidades, em que sugerem medidas como a contratação de agentes culturais e a constituição de fundos para aquisição de obras.