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Teresa Villaverde revê Pedrógão Grande

Betty Faria protagoniza 'Justa', filme que expõe as cicatrizes deixadas pela tragédia de 2017.

04 de dezembro de 2025 às 01:30

A tragédia de Pedrógão Grande deixou marcas profundas no País. Sessenta e seis mortos contabilizados no incêndio que lavrou entre 17 e 24 de junho de 2017. Ao CM, Teresa Villaverde admitiu que não consegue tirar as imagens da cabeça. “Ochoque permaneceu em mim e senti a necessidade de fazer este filme – não sobre os incêndios em si, mas sobre quem lhes sobreviveu e vive, ainda hoje, com as cicatrizes de um horror que não consegue esquecer”, revela a realizadora ao CM. Em ‘Justa’, que estreia esta quinta-feira nas salas, acompanhamos pai e filha (Ricardo Vidal e Madalena Cunha) – marcados física e psicologicamente pela calamidade –, e, também a vizinha Elsa, interpretada por uma Betty Faria muito diferente daquela que conhecemos das novelas brasileiras. “Foi um daqueles felizes acasos da vida”, admite a cineasta portuguesa. “Conheci a Betty Faria em contexto mais ou menos informal, começámos a falar, houve uma grande empatia entre nós, convidei-a para fazer a protagonista deste meu filme e ela aceitou. E acho que está brilhante”, considera a realizadora.

Inspirado em relatos ouvidos aos sobreviventes de Pedrógão Grande, o argumento (escrito pela própria Teresa Villaverde) é, porém, uma obra de ficção, como faz questão de frisar. “Ouvi histórias terríveis mas, por respeito, não usei as memórias pessoais de cada um, nem filmei a estrada onde tanta gente morreu. Seria obsceno”, sublinha. Em vez disso, criou uma história em que o espectador é convidado a acompanhar as personagens nas suas lutas diárias para lidar com o amor, a saudade, o trauma e a superação. “Gostaria muito que as pessoas fossem ver o filme e que ele servisse para falarmos de Portugal, da vida, da sobrevivência, da ecologia. Mais do que aplausos, gostava que servisse para abrir portas e janelas”, conclui.

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