Uma necrópole da Idade do Bronze, com cerca de 3800 anos, foi encontrada em plena urbanização turística de Vale da Telha, concelho de Aljezur. Quinze sepulturas já foram escavadas, tendo sido encontradas ossadas numa delas, achado muito raro.
Os trabalhos estão a ser desenvolvidos desde o passado dia 1 por alunos da Universidade Nova de Lisboa, sob a responsabilidade do arqueólogo Mário Varela Gomes, e terminam na próxima semana.
As sepulturas foram descobertas num lote de terreno destinado à construção de uma vivenda. Junto ao cemitério, num outro lote também por urbanizar, existia um povoado que terá sido habitado por 20/30 indivíduos, onde foram encontrados fragmentos de duas queijeiras e de grandes vasos para guardar provisões. Achados que se coadunam com as actividades desenvolvidas pelos habitantes da época: a pastorícia, a agricultura e a exploração do cobre.
Ao CM, Mário Varela Gomes explicou que a necrópole estava coberta por uma pequena camada de terra com cerca de 15 centímetros. A actividade agrícola desenvolvida ao longo do tempo causou alguma destruição, mas boa parte dos vestígios foi preservada até hoje.
Os túmulos eram compartimentos abertos no solo, envoltos por lajes de pedra e cobertos com pedras redondas e terra. No local foram descobertos vários tipos de rocha, designadamente arenitos e xistos, algumas das quais trazidas de locais situados a cerca de dez quilómetros de distância.
As sepulturas também apresentam tamanhos diferentes, já que quanto maior o túmulo mais importante seria o estatuto social do morto. Uma delas foi construída em arenito calcário branco, tipo de rocha que permitiu algo quase impensável – conservar os ossos durante 3800 anos, que vão ser agora devidamente datados através método de carbono 14.
O facto de os corpos serem colocados em posição fetal explica que muitas das sepulturas apresentassem dimensões reduzidas. De acordo com Varela Gomes, a posição fetal tem a ver com a ideia do renascimento existente nos povos da Idade do Bronze.
CÂMARA QUER PRESERVAR SÍTIO
A Câmara de Aljezur pretende preservar a necrópole de Vale da Telha. Ao CM, Manuel Marreiros, presidente da autarquia, confirmou que, de início, não se pensava que o achado fosse tão importante, pelo que foi ponderada a sua trasladação para outro local.
“Tendo em conta o que foi posto a descoberto, estamos agora a pensar em negociar com a proprietária a aquisição do terreno para fazer dele um museu”, frisou o autarca salientando que a necrópole representa uma mais-valia em termos culturais e turísticos para o concelho, designadamente devido à localização estratégica. Aliás, Mário Varela Gomes (foto) realçou que, desde o início das escavações, “muitas pessoas, portuguesas e estrangeiras, visitaram o local”.
OFERENDAS
Na Idade do Bronze eram efectuadas oferendas aos mortos, pelo que não é de estranhar que dentro das sepulturas tenha sido achado diverso espólio.
CERÂMICA
Peças de cerâmica, um braçal de arqueiro em xisto, duas contas de colar em pedra (uma delas numa rocha verde que terá vindo da zona de Huelva) e um alfinete em metal foram encontrados nos túmulos.
ESTATUTO
O espólio retrata o estatuto social do morto: quanto mais importante fosse maior número de oferendas recebia.
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