A edição de hoje
Projeto acompanha um homem que contempla a sua vida e se questiona sobre a sua morte.
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É um filme contemplativo, “um filme de autor”, como assume o realizador Pedro Magano, que acaba de estrear ‘As Aves’ nas salas de cinema. Rodado “sem guião”, apenas com “uma estrutura narrativa” que partiu depois para “um improviso planeado”, o filme acompanha um homem que contempla a sua vida e se questiona sobre a sua morte.
O ponto de partida para este trabalho foi a paixão que o realizador tem por Ílhavo e pela Ria de Aveiro – que serviu de cenário à longa-metragem. “Há muito tempo que andava à procura de um texto que servisse de pretexto para filmar esta paisagem, e encontrei-o num conto do Mia Couto – ‘A morte, o tempo e o velho’”, revela Pedro Magano que, para os diálogos, usou ‘As Aves’, de Aristófanes. “Durante muito tempo filmei sem recorrer à palavra, mas quando esta foi necessária, foi o próprio protagonista do filme [o ator Gustavo Sumpta] que me chamou a atenção para a peça clássica. Escrevi os diálogos nos intervalos das filmagens – já que só podíamos filmar durante a maré baixa”, elucida.
Consciente de que este não é um filme “com mensagem” ou “de causas”, o realizador considera que ‘As Aves’ “é um filme suficientemente ambíguo para suscitar várias leituras” e gostaria que fosse visto por toda a gente. Ele próprio interpreta uma das personagens (o Tempo, que é silencioso e não tem rosto) e escolheu uma jovem atriz de um grupo amador de Ílhavo, Mafalda Rocha, para encarnar a Morte. “O Gustavo é um excelente ator, que já conhecia. A Mafalda foi uma revelação”, conta Pedro Magano, que rodou ‘As Aves’ com apenas 100 mil euros e só lamenta que este só esteja em exibição durante uma semana. “Apesar do baixíssimo orçamento, acho o resultado digno. Felizmente, depois passará na RTP…”
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