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Vogue, GQ e Vanity Fair cortam relações com fotógrafos acusados de assédio

Bruce Weber e Mario Testino foram acusados por várias modelos.

14 de janeiro de 2018 às 22:18

O grupo editorial Condé Nast, que detém títulos com a Vogue, GQ e Vanity Fair, anunciou hoje que vai deixar de trabalhar com os fotógrafos Bruce Weber e Mario Testino, acusados de assédio sexual por vários modelos.

"Na Condé Nast decidimos colocar a nossa relação de trabalho com os dois fotógrafos em pausa num futuro próximo", lê-se numa mensagem assinada pela diretora criativa da Condé Nast e diretora da edição norte-americana da revista Vogue, Anna Wintour, divulgada 'online', com o título "Anna Wintour responde às acusações de má conduta sexual de Bruce Weber e Mario Testino".

Os fotógrafos Mario Testino e Bruce Weber, referências na indústria da moda, são acusados de assédio sexual por vários modelos e ex-modelos que relataram as suas experiências ao jornal The New York Times.

Num artigo publicado no sábado, o jornal refere que "15 atuais e ex-modelos masculinos que trabalharam com Bruce Weber (...) descreveram um padrão do que dizem ser nudez desnecessária e comportamento sexual coercivo, muitas vezes durante sessões fotográficas". No início de dezembro, Bruce Weber já tinha sido processado por agressão sexual pelo modelo Jason Boyce. Em relação a Mario Testino, o The New York Times reuniu 13 testemunhos de modelos e também de assistentes do fotógrafo.

Anna Wintour refere que, apesar de Bruce Weber e Mario Testino, que são "amigos pessoais que deram contributos extraordinários para a Vogue e muitos outros títulos da Condé Nast ao longo dos anos", terem negado as acusações, "leva as alegações muito a sério".

Na mensagem, a diretora criativa do grupo editorial anuncia ainda que foi criado um novo código de conduta - "uma série de diretrizes para colaboradores externos que resultou de conversas profundamente honestas com advogados e agentes de modelos, 'stylists' [criadores da imagem], fotógrafos, cabeleireiros e maquilhadores, 'set designers'[criadores dos cenários] e muitos editores" das revistas do grupo.

O código de conduta estabelece, por exemplo, que "todos os modelos que participem em sessões fotográficas para a Condé Nast têm que ter 18 anos ou mais", "deixa de ser permitido haver álcool nos locais das sessões fotográficas" e que "qualquer sessão fotográfica que envolva nudez, roupas com transparências, 'lingerie', roupa de banho, simulação do uso de drogas ou álcool ou poses sexualmente sugestivas deve ser previamente aprovada".

Em outubro do ano passado, o grupo editorial Condé Nast tinha anunciado que deixaria de trabalhar com outro fotógrafo referência no mundo da moda: Terry Richardson.

Ao longo dos anos tem havido rumores sobre o comportamento de Terry Richardson em sessões fotográficas, tendo no ano passado algumas publicações e empresas de moda anunciado que iriam deixar de trabalhar com ele, pouco tempo depois de várias atrizes terem denunciado terem sido abusadas sexualmente pelo produtor norte-americano Harvey Weinstein.

Em novembro, a 'top model' portuguesa Sara Sampaio instou os modelos a denunciarem situações de abuso, salientando o poder que as redes sociais deram a estes profissionais e assumindo ter passado por situações desconfortáveis.

Na altura, no âmbito de uma conferência na Web Summit, em Lisboa, defendeu a necessidade de "responsabilizar as pessoas pelas suas ações e não fingir que não aconteceu", fazendo referência ao caso do fotógrafo norte-americano Terry Richardson. "Toda a gente sabe que acontece e ninguém faz nada, toda a gente sabia do Terry Richardson e ninguém fez nada e agora usam-no como bode expiatório, é uma grande hipocrisia", acusou.

Além de caber aos manequins denunciar os abusos, Sara Sampaio considera que há mais envolvidos que podem ajudar a parar as situações, caso das agências de modelos, "que não deviam enviar modelos para sessões com um fotógrafo que se sabe que é abusador", e as revistas, "que não deviam trabalhar com ele".

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