Basquetebolista morre no intervalo do jogo (COM VÍDEO)
Um jogador de basquetebol da Ovarense morreu ontem, em Leiria, com uma paragem cardiorrespiratória. Kevin Widemond, de 23 anos, estava no balneário, no intervalo do jogo que a sua equipa disputava com a Académica, quando caiu inanimado.<br/>
“Ele estava a ouvir a palestra do treinador com os atletas quando se sentiu mal, desmaiou e caiu para o lado”, disse o presidente da Associação de Basquetebol de Leiria (ABL), António Rosa, adiantando que foi dado o alerta para o 112 e “sete a dez minutos” depois chegava ao pavilhão uma ambulância e uma equipa médica do INEM.
Kevin Widemond foi assistido ainda no balneário por um médico que estava a ver o jogo e pela equipa do INEM, e seguiu já “entubado e em paragem cardiorrespiratória” para o Hospital de Santo André, onde foram mantidas as manobras de reanimação já iniciadas. Não havendo resposta aos esforços de reanimação, foi confirmado o óbito uma hora depois.
A falta de um desfibrilador no pavilhão foi de imediato criticada por um dirigente da Ovarense, José Eduardo, mas o presidente da ABL disse que “estava disponível todo o material obrigatório” e esse equipamento “não faz parte dessa lista”.
As causas da morte do jogador norte-americano são desconhecidas, pelo que o corpo será hoje autopsiado.
O jogo, de apuramento para o terceiro e quarto lugar do Troféu António Pratas, já não foi retomado. Ao intervalo, a Ovarense estava a vencer a Académica por 40-32 pontos. Também não foi disputado o jogo da final, entre o Benfica e o Vitória de Guimarães.
Os atletas, técnicos e dirigentes da Ovarense concentraram-se no Hospital, onde receberam a notícia da morte do mais recente reforço da equipa.
MORTES EM JOGO
PAULO PINTO
O atleta do Aveiro Basket sofreu, aos 27 anos, um ataque cardíaco, numa partida da Liga Portuguesa de Basquetebol contra o Benfica, em 2002.
MIKLOS FEHÉR
Vítima de uma paragem cardiorrespiratória num jogo, em 2004, frente ao Vitória de Guimarães, o húngaro ao serviço do Benfica caiu inanimado no relvado.
BRUNO BAIÃO
O júnior do Benfica sofreu em 2004, aos 19 e após um treino, uma paragem cardiorrespiratória que o vitimaria quatro dias depois.
HUGO CUNHA
O médio do União de Leiria morreu subitamente, aos 28 anos, quando jogava uma partida de futebol com amigos em Montemor, em 2005.
PUERTA
Defesa-esquerdo do Sevilha desfaleceu durante um jogo, em 2007. Ainda foi pelo seu pé até ao balneário, mas acabou por morrer no hospital.
BRUNO NEVES
Ciclista, de 26 anos, terá sofrido uma paragem cardíaca antes de cair numa prova, em 2008, e morrer.
DISCURSO DIRECTO
'ALTA COMPETIÇÃO NÃO É ACTIVIDADE SAUDÁVEL', Manuel Carrageta, Presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia
Correio da Manhã – É possível detectar insuficiências ou anomalias congénitas nos atletas de alta competição?
Manuel Carrageta – Sim. Normalmente um electrocardiograma costuma revelar alterações no funcionamento do coração e um ecocardiograma permite medir a espessura das paredes do ventrículo esquerdo.
– Têm morrido vários atletas negros e Widemond foi mais um deles. Porquê?
– Muitas das mortes devem-se à miocardiopatia hipertrófica, que é um grande aumento das paredes do ventrículo esquerdo. É mais frequente em atletas negros e acontece muito no basquetebol.
–Em que valores se traduz esse aumento?
– A espessura normal é de 8 a 10 milímetros e em alguns destes indivíduos está em valores acima dos 15 milímetros.
– A alta competição é uma actividade perigosa?
– A alta competição não é uma actividade saudável. Os atletas ultrapassam os limites.
– Há modalidades desportivas com maior grau de risco?
– Sim. O futebol, o basquetebol e o ciclismo.
– Porquê?
– No basquetebol os atletas são altos, mas acabam por não ter a robustez física mais adequada, como acontece em indivíduos de estatura média. São atletas que não têm grande resistência física. No futebol, há jogadores que chegam a correr 12 quilómetros em 90 minutos e perdem quatro quilos de peso. O ciclismo dá grandes alterações no coração pelo esforço que é desenvolvido.
– Portugal tem boa Medicina Desportiva?
– Penso que sim. O Centro de Medicina Desportiva é excelente. Os atletas de alta competição deverão ser rigorosamente avaliados.
– Qual o problema mais grave?
– Os cardiovasculares.
Veja aqui imagens de Kevin Widemond:
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