Cabecilha de claque sportinguista foi o agressor de jornalista da RTP
Polícia confirma que adeptos do Sporting atiraram pedras a equipas de reportagem que se encontravam na praça da Maratona.
Um jornalista da RTP foi agredido durante a final da Taça de Portugal, que decorreu no domingo à tarde no Estádio do Jamor, Oeiras, de acordo com a Comissão de Trabalhadores (CT) da estação pública. O CM sabe que o agressor identificado e preso pela PSP é o cabecilha da claque Diretivo XXI, Filipe Ribeiro.
"A Comissão de Trabalhadores repudia veementemente a agressão de que foi vítima um jornalista repórter da RTP, por parte de criminosos disfarçados de adeptos de futebol na Final da Taça de Portugal", refere aquele órgão representativo dos trabalhadores num comunicado divulgado no sábado à noite.
Segundo a CT da estação pública, "além da violenta agressão foi também destruído equipamento da RTP".
O porta-voz do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, Tiago Garcia, em declarações à Lusa no final do jogo, no qual o Desportivo das Aves derrotou o Sporting por 2-1, vencendo assim pela primeira vez a Taça de Portugal, referiu que adeptos do Sporting atiraram pedras a equipas de reportagem que se encontravam na praça da Maratona.
No comunicado, titulado "Isto não pode continuar", a CT recorda "que segundo o recentemente alterado Artigo 132.º do Código Penal, as agressões a jornalistas no exercício das suas funções são crime público", esperando das autoridades competentes "uma atuação célere na investigação e acusação dos autores deste crime".
A CT lembra ainda que "há menos de um ano, um outro jornalista da RTP foi selvaticamente agredido em reportagem numa escola básica de Lisboa".
"Isto simplesmente não pode continuar", conclui a CT, aproveitando para se solidarizar com o jornalista e a sua família, a quem manifesta o seu apoio.
Sindicato dos Jornalistas apela a queixa e vai denunciar caso
O Sindicato dos Jornalistas (SJ) apelou hoje para que o repórter agredido após o final da Taça de Portugal, no Estádio do Jamor, "proceda criminalmente contra os agressores", e comprometeu-se a "reportar o caso às entidades responsáveis".
"O SJ manifesta total solidariedade com o camarada de profissão agredido, apelando a que proceda criminalmente contra os agressores, e compromete-se a reportar o caso às entidades responsáveis pela segurança dos jornalistas no local", indica esta estrutura, em nota hoje divulgada.
Lamentando que este seja "mais um profissional alvo de agressão violenta", o SJ "condena o sucedido e exige que sejam apuradas todas as responsabilidades".
O SJ lembra que, desde março passado, o Código Penal considera crime público as agressões contra jornalistas no exercício das suas funções, além de que estes profissionais passaram a estar incluídos na lista de profissões com direito a proteção acrescida.
Por isso, vinca que "passar das palavras aos atos é imperioso para mudar este insustentável estado de coisas".
Além disso, o SJ "lamenta o clima de hostilidade constante no futebol e a crescente violência que tem extravasado as quatro linhas e atingido os jornalistas em exercício de funções, de forma completamente injustificada, apelando a que as entidades responsáveis continuem a refletir sobre este assunto e, sobretudo, ajam em conformidade".
Sindicato dos Meios Audiovisuais repudia agressão
O Sindicato dos Meios Audiovisuais (SMAV) repudiou hoje a agressão a um repórter após o final da Taça de Portugal, manifestando-se disponível para avançar com "ações" com outras entidades e apelou à RTP para que aja em conformidade.
"O SMAV repudia, veementemente, a agressão de que foi alvo o repórter de imagem da Rádio e Televisão Pública [RTP] e está disponível para encetar, conjuntamente, com entidades e organizações, nomeadamente com outras representantes dos trabalhadores, as ações que se entender por convenientes", avança a estrutura em comunicado.
O sindicato sublinha que em 28 de março entrou em vigor uma alteração ao Código Penal que reforça a penalização dos crimes cometidos contra os jornalistas no exercício das suas funções, mas considerou que "de nada servem alterações à lei [...] se a ela ninguém se vincular para a fazer cumprir".
No comunicado, o SMAV adianta que os responsáveis da RTP devem "agir em conformidade e com determinação quer no que concerne ao profissional agredido, quer ao equipamento que foi destruído", disponibilizando o seu gabinete jurídico "para o que for necessário".
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