Teimosia de Fernando Santos castigada com derrota natural
Equívocos por resolver ditam afastamento da seleção nacional dos quartos de final.
Esta equipa de Fernando Santos tem vários equívocos que o selecionador não conseguiu resolver. Gonçalo Guedes passou à margem de todos os jogos em que participou, mas continuou a ser chamado a titular, até à derrota final. João Mário é um jogador maravilhoso, mas não se apresentou em boa forma. Nunca foi decisivo, nem sequer despachado na resolução das jogadas. Bernardo Silva, ontem fez um bom jogo. Mas foi o único jogo positivo deste Mundial.
Fernando Santos foi teimoso. E a teimosia não é uma virtude. A equipa de Portugal teve o controlo do jogo, mas parecia ter medo de se aproximar da baliza uruguaia.
No futebol, como na vida, há a sorte e o azar. A sorte procura-se com boas decisões que Fernando Santos não encontrou.
Uma pergunta: foi por estar planeado ou foi por falta de planeamento que as bolas nos cantos curtos não chegavam à área? Uma situação confrangedora, repetida da direita e da esquerda, nos poucos lances em que tínhamos possibilidades de finalizar de cabeça, com a subida dos centrais e de William. Por alguma razão o nosso único golo resultou de um canto que chegou à área.
O jogo começa com Portugal a jogar e o Uruguai a marcar. Enquanto trocávamos a bola e ensaiávamos remates sem grande perigo, Cavani, na direita, rasga para Suárez, na esquerda. Suárez espera pela entrada do colega, nas costas de Guerreiro, centra para Cavani fazer o 1-0. O relógio marcava sete minutos. Portugal em desvantagem, continua a controlar o jogo, agora com plena anuência dos uruguaios. Os azuis só vão à frente pela certa. Aos 22', ganham um livre. Suárez remata pelo meio da barreira para grande defesa de Rui Patrício. Guedes continua sem acertar um lance, Bernardo na direita, trata bem a bola, mas sem grande dinâmica e sem respeitar as subidas do lateral, Ricardo, lançado a titular para perder lances capitais na defesa.
Aos 31', Ronaldo cumpre o ritual para bater um livre em boa posição. Mas as balas de prata do nosso capitão foram todas gastas com a Espanha, o remate fica na barreira.
O intervalo chega, após mais um lance em que os centrais subiram, num canto curto, e a bola anda de pé para pé, sem nunca encontrar o caminho da área. Confrangedor. Muito amador. Pior, só a quantidade de vezes que jogadores portugueses escorregaram sozinhos. indício sério de má decisão, também na escolha de pitons.
No segundo tempo, uma boa jogada colectiva termina em canto na esquerda. Mais uma vez à maneira curta, mas agora Guerreiro arranca um centro bem medido. Pepe diz sim à bola e faz o empate com uma cabeçada indefensável.
Também na cabeça de Pepe está o golo decisivo dos uruguaios. Num lance defensivo, aos 62', Pepe cabeceia mal, para o lado. No flanco direito, os uruguaios recuperam a bola, e fazem chegar a Cavani que, na meia-esquerda, arranca um remate em arco para bater Rui Patrício sem mácula. Até final, Portugal pressiona mas sem efeitos práticos. Portugal sai do Mundial sem brilho.
MAIS E MENOS
Mais: Rui Patrício reforça prestígio
Rui Patrício sai deste Mundial com o prestígio reforçado. Grandes defesas ficam na memória para o futuro. Nota-se uma extraordinária evolução no jogo com os pés. Essa tão relevante arma era seu o ponto fraco. Dá gosto ver os resultados de um aturado trabalho.
Menos: Houve défice de competência
Quando se perde com uma seleção forte mas acessível, temos de apontar o dedo ao líder técnico. Que raio foi aquilo de um punhado de cantos não chegarem à área quando os centrais subiam? Que pitons autorizou a vários titulares e a Quaresma? Fomos pouco competentes!
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