"Tivemos um adepto assassinado junto ao Estádio da Luz", diz Rui Rego sobre claques
Uma das ideias expressas pelo candidato à presidência do Sporting foi a de que os leões devem juntar-se ao denominado G15 e liderar mesmo o movimento.
Rui Jorge Rego explicou várias nuances do seu programa para a presidência do Sporitng no debate desta quinta-feira na Sporting TV com José Maria Ricciardi. Uma das ideias expressas pelo candidato foi a de que os leões devem juntar-se ao denominado G15 e liderar mesmo o movimento. Confira tudo o que foi dito.
Mudanças no IPDJ
"O que é necessário é igualdade entre todos. Se temos de ter as claques legalizadas, todos têm de ter. Não podemos viver neste antagonismo de um serem filhos e outros enteados. O Dr. Baganha teve uma intervenção infeliz há uns tempos, é preciso transparência e igualdade.
Se vai ser uma luta minha? Claro. O Sporting tem as suas claques legalizadas e faz os seus apoios, e por tê-las legalizadas conseguiu fazer uma série de procedimentos nos tristes acontecimentos de que fomos vítimas. Senão como seria? Não tenho dúvidas de que o Benfica tem uma relação com as suas claques, mas prefere não legalizar para não sofrer sanções.
Estamos a falar de cânticos, mortes… Tivemos um adepto assassinado junto ao Estádio da Luz. Segue o processo-crime, mas ninguém pega neste assunto. Os clubes precisam das claques, mas numa relação saudável. Eu tenho filhos pequenos e em alguns jogos não os levo. No sábado não vou levar os meus filhos", afirma citado pelo Record
Centros de decisão
"Teremos pessoas da estrutura nesses postos, mas acompanhados pelo presidente. Fará parte das missões do Paulo participar nas reuniões da liga, de forma ativa, levando propostas para que o futebol seja um desporto cada vez mais saudável.
Temos de olhar com cuidado para o G15, são clubes unidos à procura de um caminho. Temos hipótese de tomar a liderança juntamente com eles. Os rivais depois fazem a sua escolha. A partir daí são 16 contra 2, não podem é ser 15 contra 3, ou 15 contra um isolado, porque vamos perder.
A Federação vai fazendo o seu trabalho, Portugal foi campeão europeu e nem isso conseguimos capitalizar no nosso futebol.
A concorrência saudável só aumenta as minhas potencialidades, não me diminui. Nós aqui a lógica é ao contrário. Mas temos dois clubes com poderes instalados há muito tempo. Por isso é que disse que é 15 mais o Sporting."
Ricciardi diz que sem dinheiro não há futebol competitivo…
"Eu concordo, por isso é que fui buscar os 120 milhões. Fazer melhor com menos, isso dá muito de vez em quando, senão o Real Madrid não seria tricampeão europeu. O futebol europeu está a transformar-se. Um dia destes vamos ter a Superliga. Se não começarmos rapidamente a andar na Liga dos Campeões, vamos para a segunda divisão europeia. Há pressões das televisões para haver Real Madrid, Juventus… Não é para assustar ninguém, mas temos de olhar para esta realidade.
Temos este modelo que permite comprar jogadores de qualidade para o Sporting ser competitivo."
Como conciliar com o reequilibrar as contas?
"Não vou buscar o Benzema. São jogadores firmados nos seus países para depois o Sporting tirar destes jogadores as mais-valias desportivas e financeiras. O Doumbia, ao que me dizem, ganhava um balúrdio. [Ricciardi diz quase 6 milhões]. Já viram com esse ordenado quem é que lá podia estar?
O grande problema é comprar os passes. Se eu tiver parceiros, eu pago os ordenados.
A formação é importante, mas não é ter jogadores como Rui Patrício com 28 ou 29 anos, porque já não contam para o equilíbrio. Quando falo em formação, falo em juventude. Jogadores dos sub-23 a entrar na equipa principal. Não queríamos ter mais 4 ou 5 Bruno Fernandes? Dava jeito. A garantia de sucesso desportivo era muito maior do que a que temos hoje."
Jogadores a mais
"Ter 80 jogadores não é saudável do ponto de vista desportivo. Não retiramos o rendimento financeiro. Palhinha esteve ano e meio sem jogar e agora não o conseguimos vender porque não jogou. Temos de ter a capacidade de saber se um jogador vai ser ou não útil ao Sporting. Prefiro dizer assim, e não ter medo da massa adepta: este jogador é querido dos adeptos mas achamos que não vai dar. Fez o seu percurso, tem de dar rendimento económico.
São custos e custos que não dão rendimento."
Solução financeira
"Deve fazer-se um novo empréstimo obrigacionista do mesmo montante. Temos dívidas que temos de pagar, e será a questão mais premente. Temos as pessoas a bater à porta. O que não podemos é continuar a antecipar receitas, porque um dia não há mais. Temos várias soluções.
Desconheço a massa salarial neste momento, houve muitas saídas e entradas. Até admito que tenha reduzido."
Rescisões
"Eventual regresso ao Sporting de quem já assinou está posto de parte. O Rúben Ribeiro tentou chegar ontem a Alvalade e foi-lhe dado guia de marcha. Rafael Leão, vamos ver o que vai acontecer.
Temos de fazer uma dupla análise, racional e emocional/política. Gostava de dizer que se o Sporting tivesse saúde financeira levava isto até ao final dos meus dias. Mas posso perder, por isso acho melhor fazer o melhor acordo possível. Estes processos agora contra Bruno de Carvalho também não ajudam. Para termos uma posição negocial forte, é dizer a uma voz: estamos aqui, os problemas financeiros estão sanados. Mas na minha profissão diz-se mais vale um mau acordo do que uma boa demanda."
Scouting
"Hoje em dia há base de dados. O problema é que análise fazemos ao jogador quando temos interesse. Temos de ver onde vive, como vive, quem é a família, quem o influencia. Não é só saber jogar à bola. Estamos a falar de miúdos com 19 ou 20 anos com muito dinheiro na mão. Estamos a desterrar na maior parte das vezes jogadores que vêm do continente sul-americano e temos de perceber o que estamos a fazer. É preciso garantir que os miúdos têm acompanhamento diário. Eu fui estudar para fora e sei o que é, o que há de bom e de mau."
Atrair investidores
"Temos no nosso programa a figura do chairman, que é quem vai defender os princípios do Sporting, que os investidores são bem tratados. Temos de atrair investidores, não há outra solução. Se conseguirmos ter resultados operacionais positivos, toda a gente vai querer investir no Sporting. Quem joga na bolsa, quando vai investir numa empresa, vêm quem gere aquilo. É seguro, vou investir."
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