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O meu reino por um bilhete

No tradicional dia de descanso sabático em Wimbledon é possível vislumbrar uma fila de quilómetros e mais de 500 tendas instaladas desde sábado para arrebatar um bilhete para a super-jornada de segunda-feira – o melhor dia de ténis do ano, já que contempla todos os embates referentes aos oitavos-de-final. Frederico Silva prepara a estreia no torneio júnior.

01 de julho de 2012 às 17:19

“Ao sétimo dia descansou”, como refere a Bíblia. E após as emoções fortes e as noitadas das últimas quatro jornadas, concluídas sob o tecto fechado e com luz artificial, já todos clamavam pelo domingo em Wimbledon. O “Middle Sunday” – destinado ao descanso de jogadores, organização, vizinhança e sobretudo dos delicados courts de relva – é uma das tradições do mais prestigiado torneio do mundo e mantém-se como a única jornada sabática no enquadramento dos quatro eventos do Grand Slam. E marca também a passagem da primeira para a segunda semana de competição, da fase selectiva para a fase decisiva.

Mas a folga não é gozada da mesma maneira por todos: milhares de pessoas acamparam à volta do All England Club desde sexta-feira à noite (!) para formar uma fila que lhes permita aspirar às escassas centenas de bilhetes colocados à venda diariamente (todos os outros estão esgotados há muito) de modo a poderem assistir àquela que será a melhor jornada tenística do ano. É que, precisamente devido ao facto de não haver ténis no ‘Middle Sunday’, nesta segunda-feira jogam-se TODOS os encontros referentes aos oitavos-de-final de singulares masculinos e femininos – para além dos embates das variantes de pares e ainda das provas de juniores e veteranos. Ou seja, não há melhor relação preço/qualidade do que um ingresso para a segunda segunda-feira da quinzena wimbledoniana… desde que não chova, claro. Nesse caso, apenas os embates agendados para o Centre Court estão salvaguardados porque se poderão realizar sob a cobertura amovível que custou 100 milhões de euros e que tanto jeito tem dado nesta edição.

ALINHAMENTO DE TITÃS

Num dia em que o jovem português Frederico Silva mede forças com o checo Marek Routa na primeira ronda da prova júnior deste ano (em 2011 atingiu a terceira eliminatória, os profissionais aprestam-se para oferecer ao mundo um festival de ténis verdadeiramente ímpar.

Nem todas as hierarquias pré-estabelecidas foram respeitadas ao longo das três rondas anteriores e alguns nomes inesperados conseguiram içar-se até aos oitavos-de-final, mas o elenco desta segunda-feira conta com quase todas as grandes figuras contemporâneas da modalidade (com algumas excepções, sobretudo Rafael Nadal e Caroline Wozniacki), sendo que do programa constam alguns confrontos sumptuosos que suscitam enormes expectativas. O destaque vai para os dois embates masculinos entre membros do top 10 – David Ferrer face a Juan Martin del Potro e Jo-Wilfried Tsonga diante de Mardy Fish – e para os confrontos que envolvem as supervedetas Roger Federer, Novak Djokovic, Andy Murray, Serena Williams, Maria Sharapova e Kim Clijsters. Eis o alinhamento:

HOMENS:

Novak Djokovic (Sérvia, cs1)-Victor Troicki (Sérvia)

Richard Gasquet (França, cs18)-Florian Mayer (Alemanha, cs31)

Roger Federer (Suíça, cs3)-Xavier Malisse (Bélgica)

Mikhail Youzhny (Rússia, cs26)-Denis Istomin (Uzbequistão)

David Ferrer (Espanha, cs7)-Juan Martin del Potro (Argentina, cs9)

Andy Murray (Escócia, cs4)-Marin Cilic (Croácia, cs16)

Jo-Wilfried Tsonga (França, cs5)-Mardy Fish (EUA, cs10)

Philip Kohlschreiber (Alemanha, cs27)-Brian Baker (EUA, q)

SENHORAS:

Maria Sharapova (Rússia, cs1)-Sabine Lisicki (Alemana, cs15)

Angelique Kerber (Alemanha, cs8)-Kim Clijsters (Bélgica)

Agnieszka Radwanska (Polónia, cs3)-Camila Giorgi (Itália, q)

Maria Kirilenko (Rússia, cs17)-Peng Shuai (China, cs30)

Serena Williams (EUA, cs6)-Yaroslava Shvedova (Cazaquistão)

Petra Kvitova (R. Checa, cs4)-Francesca Schiavone (Itália, cs24)

Roberta Vinci (Itália, cs21)-Tamira Paszek (Áustria)

Victoria Azarenka (Bielorrússia, cs2)-Ana Ivanovic (Sérvia, cs14)

PASSATEMPO NACIONAL

Ficar ordeiramente na fila é quase um passatempo em solo britânico e o modo como tudo se processa civicamente constitui prova da ética anglo-saxónica. Curiosamente, em 2011 – ano que celebrou as 125 edições de Wimbledon – a organização até montou uma exposição documental e fotográfica dedicada à famosa “queue” (fila) que quotidianamente, e desde sempre, faça chuva ou faça sol, tem feito parte do típico cenário wimbledoniano.

O entusiasmo pelo torneio é tanto que desde sábado há mais de 500 tendas montadas nas imediações do All England Club, com milhares de estóicos aficionados estendendo-se numa fila que desembocava num dos parques de estacionamento limítrofes – todos à espera da abertura da bilheteira na manhã de segunda-feira. Mas a procura já ultrapassa largamente a escassa oferta de bilhetes reservada para a venda no próprio dia. Todos querem ir em romaria à Catedral do Ténis, mas bem podem rezar: é que só alguns conseguirão entrar…

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