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Uma nódoa no clássico

O árbitro Pedro Proença optou ontem por ajudar o FC Porto a manter-se no comando da liga, ao assinalar um ‘penálti de sopro’ contra o Benfica, com que Lucho González anulou a desvantagem do golo apontado por Yebda à passagem do intervalo. Uma nódoa que manchou um belo espectáculo, em estádio cheio.

09 de fevereiro de 2009 às 00:30

Embora actuando muito perto da sua grande área, o Benfica conseguiu evitar sempre a construção de jogo do adversário, mas talvez tenha acreditado cedo de mais na manutenção da vantagem, ao optar por alinhar meia hora sem ponta-de-lança.

Os treinadores foram fiéis às respectivas matrizes tácticas (4x3x3 contra 4x4x2), do que resultou uma previsível superioridade numérica do Benfica a meio-campo que, todavia, demorou a produzir efeitos nas passagens para o ataque. A linha defensiva do Benfica actua muito recuada, o que permitiu muitas recuperações de bola na intermediária e algumas infiltrações aos portistas.

Por isso, os primeiros 35 minutos foram de domínio consentido do FC Porto, com diversas conclusões, quatro delas de cabeça no centro da área encarnada, mas nunca Moreira correu real perigo de ser batido. Ao invés, as surtidas dos lisboetas ao ataque foram sempre mais intencionais, com três boas oportunidades ao longo do primeiro tempo, com realce para o contra-ataque entre Suazo e Reyes, no qual o espanhol pôs à prova a qualidade de Helton (38’). Os últimos dez minutos do primeiro tempo foram inteiramente dominados pelos visitantes, que se adiantaram por Yebda, também de cabeça, num canto de Reyes, em que a defesa portista cometeu um tremendo equívoco de marcação.

O FC Porto acusou fundo o golpe de um golo de todo inesperado e não conseguiu reagir no recomeço, ajustando-se então melhor o dispositivo atrasado do Benfica, muito favorável a contragolpes, apesar de Suazo estar muito longe da forma ideal. Mas como Lisandro não está melhor e Hulk passou ao lado do jogo, a partida ficou de feição ao controlo dos encarnados. Só lhes ‘falhou’ o controlo de Pedro Proença que, a dois metros de Yebda e Lisandro, decidiu pôr a mão suja da arbitragem no jogo jogado.

ANÁLISE

LUISAO IMPERIAL: Na primeira parte, o FC Porto conseguiu várias finalizações de cabeça, mas, após o intervalo, a actuação de Luisão e de Sidnei foi simplesmente impecável. A melhor época de sempre de Luisão.

TÉCNICOS MEDROSOS: Os dois treinadores mostraram um terrível medo de perder. Jesualdo não reagiu à desvantagem e não conseguiu melhorar a equipa e Quique optou por jogar sem ponta-de-lança.

PENÁLTI VERGONHOSO: Um penálti ‘dourado’ numa actuação sem critério, com cartões amarelos à sorte e total complacência para o jogo faltoso sistemático de Fucile (sete faltas) e para os golpes de karaté dos centrais portistas.

FC PORTO

PÉ ESQUERDO DE HULK É FOGO

Hélton. Duas boas defesas. Ilibado no golo do Benfica.

Fucile. Melhor com a bola do que a defender. Grande jogada aos 31’, quando trocou os olhos a Reyes.

Rolando. Algumas falhas quando o expediente chegava após lances de bola parada.

Bruno Alves. Acusou intranquilidade no jogo pelo ar.

Cissokho. Duas ou três arrancadas pelo flanco não camuflaram uma exibição contida.

Fernando. Problemas frente a Aimar até lhe ‘decifrar’ as movimentações.

Raul Meireles. Acção esforçada no duplo papel de apoiador da defesa e, em desdobramento, do ataque.

Lucho. Redimiu-se da falha no golo do Benfica (deixou Yebda fugir) com um penálti bem marcado.

Rodríguez. Ausente na primeira parte, inconsequente na segunda.

Lisandro. ‘Cavou’ bem o penálti sobre Yebda e essa terá sido a sua acção mais relevante do jogo.

Mariano. Abriu a frente de ataque e com isso libertou Lisandro.

Farías. Sem tempo para mostrar serviço.

Hulk. Dos pés de Hulk, ou melhor, do seu pé esquerdo, saíram algumas das melhores coisas que este jogo teve. Quando embala e puxa a bola para o lado canhoto é desconcertante.

BENFICA

AIMAR E A FORÇA SERENA DA DEFESA

Moreira. Duas ou três defesas de grande qualidade na segunda parte.

Maxi Pereira. Muito bom jogo, quase sempre melhor do que Rodríguez.

Sidnei. Deixou Lucho cabecear com perigo aos 9’, mas as boas decisões foram em maior número.

Luisão. Eficiente, liderou a defesa e ‘secou’ Hulk.

David Luiz. Algumas falhas posicionais que podiam ter dado golos.

Katsouranis. Muito presente quando a equipa necessitou.

Yebda. Excelente no golo do Benfica, sem culpa formada no penálti que deu o empate ao FC Porto.

Ruben Amorim. Fez o que se pedia: ajudou a parar Cissokho.

Reyes. Assinou o pontapé-de--canto para o 1-0, além de bons cruzamentos. Nem sempre foi regular e desperdiçou duas oportunidades de golo na primeira parte.

Suazo. Uma grande oportunidade aos 50’, além de um passe para Reyes, aos 38’. Mas saiu sem nenhuma das habituais explosões.

Di María. Teve espaço, pedia-se mais.

Nuno Gomes. Sem tempo para assinar o ponto.

Carlos Martins. Um livre e duche.

Aimar. Foi o centro do futebol do Benfica. Deslumbrou nos primeiros minutos. Depois caiu, para regressar na segunda parte. Muitas e boas decisões. Uma das melhores noites em Portugal.

FRENTE A FRENTE

HULK

21m. Trabalha bem para Lucho. O médio argentino tenta surpreender Moreira com um chapéu, mas o guardião encarnado estava atento.

25m. É assistido por Rodríguez em velocidade, ultrapassa Luisão, mas o remate sai demasiado alto.

41m. Tenta fugir mais uma vez em velocidade, mas é desarmado por Sidnei quando se aproximava da área.

65m. Tenta cabecear, mas é dominado no ar por Luisão e o remate sai muito fraco e à figura de Moreira.

75m. Faz uma arrancada em velocidade pelo flanco esquerdo, mas perde o duelo com Sidnei e comete falta.

78m. Foge da direita, dribla David Luiz e remata para uma defesa apertada de Moreira, numa grande jogada individual.

SUAZO

3m. Tenta aproveitar uma jogada confusa na área, mas Bruno Alves não o deixa ficar isolado perante Helton. Acaba por fazer falta sobre o portista.

12m. É travado por Rolando quando seguia em direcção à área dos dragões, mas Pedro Proença nada assinala.

26m. É lançado por Reyes, mas não consegue chegar à bola nas melhores condições.

38m. Recupera uma bola perdida e faz uma assistência perfeita para Reyes, que remata para uma boa defesa de Helton.

50m. Cabeceia de forma perigosa ao lado da baliza portista, após um livre de Reyes.

59m. Tenta pressionar Helton e roubar-lhe a bola, mas acaba por fazer falta (não assinalada).

62m. Sai esgotado para dar o lugar ao argentino Di María.

A FICHA

LIGA - 17.ª Jornada - 08/02/09

Estádio do Dragão - Assistência: 50 110

FC PORTO 1 - 1 BENFICA

Golos: 0-1 Yebda (45+1’), 1-1 Lucho (72’ g.p)

FC PORTO: Helton 6, Fucile 4, Rolando 5, Bruno Alves 5, Cissokho 6, Fernando 6, Raul Meireles 4, Mariano (65’) 3, Lucho Gonzalez 7, Rodriguez 6, Hulk 6, Lisandro 3, Farias (89’) 1. TREINADOR: Jesualdo Ferreira

SPORTING: Moreira 7, Maxi Pereira 7, Luisão 7, Sidnei 7, David Luiz 7, Katsouranis 6, Yebda 6, Ruben Amorim 5, Reyes 6, Nuno Gomes (86’) 1, Pablo Aimar 7, C.Martins (90+3’) 1, David Suazo 4, Di María (62’) 2. TREINADOR: Quique Flores

Árbitro: Pedro Proença (Lisboa) 2

Disciplina: amarelos: Fernando (50’), Maxi (51’), Katsouranis (64’), Yebda (70’)

Classificação do jogo 8

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