Dragão treme

Um golo de Corona, aos 87 minutos, marcado na sequência de uma errada decisão de arbitragem, garantiu no sábado uma sofrida vitória ao FC Porto. Um triunfo baço, ferido pela ilegalidade do lance e por mais uma exibição medíocre da equipa comandada por José Peseiro.

O lance que sentenciou o jogo surgiu já na parte final do encontro, numa fase em que os jogadores do FC Porto pareciam já não ter engenho para sair do labirinto. O defesa Paulinho cortou uma iniciativa de ataque dos dragões com um remate forte para fora do campo, mas com a bola a embater, antes de sair, no pé de José Ángel. O árbitro ignorou as reclamações dos madeirenses, concedeu o lançamento ao FC Porto e no seguimento da jogada Corona marcou. Um golo que apaziguou as bancadas, que já ensaiavam o coro de assobios.

Até esse momento estava a valer o empate conseguido, em recuperação, pelo União, com dois golos de Danilo Dias, ambos com assistências de Cádiz. Os dois jogadores saltaram do banco já depois do intervalo para dar profundidade e velocidade ao futebol da equipa. O bastante para colocar a nu as fragilidades de um FC Porto sem chama e sem brilho, apesar de sair para o descanso a ganhar por 2-0. As ausências de vários habituais titulares não explicam tão gritante falta de classe de uma equipa que, dá a sensação, desespera pelo final da época, consciente de que o inferno está sempre mais próximo do que o céu.

Os jogadores do FC Porto fizeram um esforço para mandar no jogo desde o início, mas raramente o conseguiram. A equipa acabou por produzir uma exibição cinzenta, com breves salpicos de cor: o passe de rotura de Sérgio Oliveira na génese do golo de Aboubakar; o génio de Herrera no 2-0; e o remate decisivo de Corona que vale uma vitória que mantém o FC Porto ligado à máquina. O naufrágio, ontem, esteve por um triz.