Fama acaba com proveito: Benfica e Famalicão empatam sem golos
Águias podem ter dito adeus ao sonho dos milhões do segundo lugar.
Era bom, mas acabou-se. O momento de Nélson Veríssimo, depois do que a equipa demonstrou em Anfield e Alvalade, e o sonho de ainda chegar ao segundo lugar esbarraram numa muralha que viajou de Vila Nova de Famalicão. Zero a zero, e a zeros fica também a época interna do Benfica, condenado ao terceiro posto e, novamente, às pré-eliminatórias da Liga dos Campeões.
Com as devidas diferenças, pode dizer-se que a águia provou um pouco do próprio veneno, que aplicou, por exemplo, na vitória frente ao Sporting. O ‘Fama’ dispensou totalmente a posse da bola e aos encarnados faltou qualidade com a mesma.
Qualidade e velocidade. Com Gil Dias e Paulo Bernardo como novidades no onze, o Benfica caiu numa sonolência só explicável pelo belíssimo fim de tarde em Lisboa. Devagar, devagarinho e parado, escassearam as oportunidades. As exceções tiveram o mesmo protagonista: Gonçalo Ramos falhou de cabeça (25’) na cara de Luiz Júnior, e não foi lesto o suficiente na reação a uma recarga após defesa do mesmo guardião.
E agora que se fala em Júnior, há que ser justo com o facto de que se tornou o melhor em campo no Estádio da Luz, o que quer dizer que o Benfica podia, de facto, ter levado a melhor no final de contas. Mas não chega.
Veríssimo mudou... e foi assobiado. A troca de Gilberto por André Almeida foi o primeiro momento de protesto do público. Não seria o último. Foi nessa altura, contudo, que a equipa se aproximou com maior relevo da baliza adversária. Voltou a brilhar Júnior perante Gil Dias (62’), antes de duas jogadas de Darwin (64’) e André Almeida (64’), sem qualquer remate.
Já aos 70 minutos houve remate - e que remate. Paulo Bernardo tentou de bicicleta, mas Júnior colocou-lhe travão. Em busca dos milhões, o técnico encarnado voltou ao banco. Taarabt tentou mexer, mas o dínamo foi insuficiente perante o desacerto - Yaremchuk falhava remates e Darwin parecia estar sempre longe do alvo. Otamendi também não fez melhor, num lance em que ficou a reclamar penálti, aos 81’.
O nulo manteve-se. Proveito só do ‘Fama’. Para o Benfica, acabou o sonho que restava - o Sporting pode ficar a oito pontos e, já agora, o FC Porto a 17. Época para esquecer no futuro, mas que custa no presente. A Luz assobiou, e muito, no fim.
Odysseas – Noite de pouco trabalho. Boa saída a punhos aos 58’, ia complicando com os pés, perto do final.
Gilberto – Esteve em alguns momentos de perigo e não parecia cansado. Substituição causou estranheza na Luz.
Vertonghen – Menos afoito do que o colega de setor, ia-se distraindo aos 88’. Valeu Otamendi a desviar a bola.
Grimaldo – Livre para a bancada e decisões pouco acertadas no ataque.
Diogo Gonçalves – Dos mais rematadores, esteve nas escassas oportunidades da primeira parte, principalmente no remate aos 41’.
Weigl – Deu início ao lance que ia resultando em golo aos 25 minutos e tentou fazer circular a bola, mas sem a velocidade necessária.
Paulo Bernardo – Surpresa no onze titular, perdeu demasiadas bolas. Ia marcando o golo de uma vida, de bicicleta, e saiu logo a seguir.
Gil Dias – Outra das novidades, também foi irregular ao ponto de ficar perto do golo e, pouco depois, fazer um passe diretamente para fora.
Gonçalo Ramos – Desperdiçou as oportunidades da primeira parte. Atrapalhou-se na recarga aos 41’.
Darwin – Começou rematador, sem perigo, e foi caindo para a ala esquerda, sempre longe da baliza.
André Almeida – Criou perigo num lance pela direita.
Yaremchuk – Embrulhou-se com a bola, numa clara oportunidade de golo.
Taarabt – Mexeu um pouco.
Radonjic – Com vontade, mas sem acerto.
Seferovic –Inócuo.
POSITIVO E NEGATIVO
A defender nos entendemos
Rui Pedro Silva pode ter tirado notas do que o Benfica fez em Alvalade com bloco recuado. O Famalicão defendeu muito e bem. Leva um ponto de prémio. E por falar em defender bem, Otamendi limpou quase tudo o que lhe surgiu. Atitude de capitão.
Resumo de uma época
Um balão que enche e esvazia de forma difícil de explicar. O Benfica de 2021/22 tem sido de uma irregularidade atroz, com grande prejuízo para as provas internas. Ontem, voltou a equipa amorfa e a acordar tarde. Terceiro lugar adequa-se.
ARBITRAGEM
Sem motivo para penálti
O lance originou muitos protestos dos encarnados. Numa jogada com Otamendi, a bola embate, primeiro, num defesa do Famalicão e ressalta, a curta distância, para o braço de Alex Nascimento, que estava em queda. Sem motivo para penálti.
"Um penálti por assinalar"
"Fica um penálti por assinalar. Não entendo porque é que o árbitro não foi rever o lance e confiou no VAR", disse Nélson Veríssimo após o empate a zero com o Famalicão. "Criámos várias ocasiões de perigo, só não conseguimos concretizar", concluiu.
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