Medo do Benfica deixa fugir penta
Rui Vitória aposta em substituições conservadoras; Sérgio Conceição aponta caminho do golo.
Quando, aos 90’, Herrera enche o pé direito, no meio de quatro adversários, o remate sai bem colocado, sem hipóteses para Varela, e dá justiça ao resultado do clássico. O Benfica tanto se encanta com o frio empate a zero que acaba castigado mesmo no final. Todo o estádio sente o risco e o medo que Rui Vitória passa para o terreno. As substituições, no Benfica, são conservadoras, ao contrário das operadas pelo adversário, que apontam o caminho do golo.
A saída de Rafa, aos 66’, por troca com Salvio soa a incompreensível, pois o português é, na tarde do clássico, dos melhores em campo. Agora, o FC Porto tem caminho aberto para o título, embora ambos os técnicos coincidam na ideia de que nada está decidido. De facto, nem tudo está decidido, mas há cada vez menos jogos para decidir. E o Benfica ainda tem de visitar Alvalade.
A primeira parte conta-se num parágrafo curto. As equipas entram com grande respeito mútuo. O jogo é intenso, cheio de duelos no meio-campo. Até aos 45’, só Casillas tem uma defesa difícil, aos 22’, a remate de Cervi, desde a esquerda. Dois minutos antes, Rafa atira ao poste, também sem ângulo, desde a direita. Rafa mostra finalmente o futebol que lhe pode permitir brilhar na Luz. Aos 39’, arranca amarelo a Sérgio Oliveira, num sprint de contra-ataque pela esquerda.
Antes do apito para o intervalo, no último minuto, Pizzi isola-se mas deixa Casillas fazer a defesa da noite. Logo na resposta, Marega atira ligeiramente ao lado.
No segundo tempo, o FC Porto regressa a mostrar que só a vitória lhe interessa. O Benfica parece satisfeito com um empate que lhe dá um ponto de avanço sobre o rival.
Aos 48’, Varela tem uma defesa para rivalizar com a de Casillas, perante Marega isolado. Aos 64’, Marega cai na área em lance duvidoso com Rúben Dias. A BTV só dá uma repetição.
Depois Rafa sai. Arranca mais um amarelo aos portistas, num lance com Otávio, aos 59’. Está confiante e saudável mas sai, e o Benfica piora. Começa aqui a dança das substituições. Conceição só responde aos 74’, tira um trinco, Sérgio Oliveira, e lança Óliver. No mesmo minuto, Vitória tira Cervi e lança Samaris. Está definida a vontade dos técnicos, que é reforçada pelas mudanças posteriores, no FC Porto, e só alterada por Vitória, aos 87’, com a entrada de Seferovic para o lugar de Pizzi. Mas já é tarde. O relvado está inclinado para a baliza de Varela. As bancadas calam-se. O FC Porto faz por merecer a sorte que chega aos 90’, quando Grimaldo faz um alívio infantil para os pés de Herrera. O mexicano arranca um golão. No lance seguinte, Zivkovic cai em lance duvidoso na área do FC Porto. Artur Soares Dias nada marca. Face às múltiplas repetições parece uma decisão justa.
ANÁLISE
Intenso e com agressividade
Num clássico intenso, com muitos grandes jogadores, os protagonistas mostraram-se dignos de admiração. Alta agressividade. Lances no limite do risco físico. Nem por uma vez esse limite foi ultrapassado. O jogo teve qualidade e muitos minutos com a bola a rolar a boa velocidade.
Ser parte e juíz
Portugal tem imensas originalidades. Uma TV detida por um clube não deve ser aceite como produtora dos jogos que envolvem a sua principal equipa. Ainda menos com vídeo-árbitro. Dois lances duvidosos. Na área do Benfica, uma única repetição. Na área contrária, quatro ou cinco.
Excelente arbitragem
Quem tem qualidade gera invejas e polémicas. Soares Dias tem qualidade mundial. Paga com a não ida à Rússia este ambiente pantanoso de onde o futebol português de clubes teima em não sair. Fez uma excelente arbitragem, apenas marcada por um critério apertado na marcação de faltinhas.
Pinto da costa: "Diferença espelhada pela ambição"
O líder do FC Porto admitiu que o seu clube foi feliz com um golo aos 90’ e reforçou: "Não houve aproximação, nem afastamento, assisti sempre aos jogos na tribuna."
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