Polémicas na Taça da Liga com o VAR incendeiam futebol
Benfica atirou-se à arbitragem do clássico e aponta “decisões incompreensíveis”.
Benfica e FC Porto estão em guerra aberta devido à arbitragem do clássico da meia-final da Taça da Liga, que resultou na vitória dos dragões por 3-1.
"Algo de muito grave se passa quando decisões incompreensíveis do VAR se tornam, infelizmente, o principal destaque de um jogo de futebol. Um instrumento que deveria ajudar a esclarecer e a tirar dúvidas está, pela sua má utilização e por critérios que ninguém conseguiu até hoje entender, a transformar-se num enorme problema", protestou o Benfica, através do News Benfica, publicado no site oficial do clube.
Os encarnados também insistiram na divulgação do áudio das comunicações entre o árbitro Carlos Xistra e o VAR Fábio Veríssimo, no encontro com o FC Porto. Além disso, as águias questionaram por que razão é que o árbitro foi visualizar as imagens do VAR no fora de jogo de Rafa, e não o fez nos dois primeiros golos do FC Porto, mencionando ainda a "dualidade de critérios".
Em resposta aos protestos do Benfica, o FC Porto reagiu através do Dragões Diário. "O Benfica não deveria ter tido a oportunidade de fazer estas críticas, simplesmente porque não deveria sequer ter participado na final four da Taça da Liga. Isso só aconteceu porque beneficiou de erros graves dos árbitros."
O FC Porto fala ainda em "hipocrisia, desespero e falta de decência" por parte de Luís Filipe Vieira, presidente dos encarnados, e diz que "o objetivo é sempre o mesmo: condicionar".
Por fim, os azuis-e-brancos salientam que passaram à final da Taça da Liga (defrontam amanhã o Sporting, em Braga) porque mereceram e relembram ainda todos os processos em que o clube encarnado está envolvido.
" O FC Porto venceu porque foi melhor do que o Benfica. Não nos surpreende que isso seja colocado em causa por quem está a ser investigado por possível corrupção de equipas de arbitragem, de jogadores adversários, de clubes adversários, de observadores, de delegados da Liga, de funcionários judiciais e até de magistrados", lê-se no mesmo texto.
SAIBA MAIS
1,5
milhões de euros. Valor pago pela Federação Portuguesa de Futebol para a implementação do vídeo-árbitro no período de cinco épocas. Fontes da arbitragem, contudo, garantem que esta cifra tem tendência para ser largamente ultrapassada.
Parceiro tecnológico
O grupo espanhol MediaPro é o fornecedor da tecnologia e de meios humanos especializados para a aplicação do VAR. Esta empresa contratada pela Federação Portuguesa de Futebol tem sede em Barcelona e está homologada pela FIFA no âmbito do vídeo-árbitro.
Cidade do Futebol
O local onde funciona o centro do VAR situa-se na Cidade do Futebol, junto ao Estádio Nacional, no concelho de Oeiras. É aqui que os árbitros nomeados como vídeo-árbitros observam os jogos via TV.
Varandas lança farpas ao Benfica
"Percebo a fase emocional que leva algumas pessoas a dizer disparates", disse Frederico Varandas, presidente do Sporting, sobre os protestos do Benfica.
Vieira pediu Fábio Veríssimo em 2017
"Fábio Veríssimo não apita o Benfica porquê?", disse Luís Filipe Vieira em 2017, numa entrevista à BTV. Agora afirma: "Esse homem não pode apitar mais."
Em defesa de Veríssimo
O Conselho de Arbitragem aceitou o pedido de dispensa de Fábio Veríssimo por tempo indeterminado e garante que "nunca aceitou e nunca aceitará qualquer veto de árbitros por parte dos clubes ou outros agentes desportivos".
APAF contra as críticas
"Nunca deixaremos que a arbitragem seja o bode expiatório para justificar o insucesso de outros e ceda a comentários ou pressões", disse a Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF).
"Uns bandidos que batem e insultam os adversários"
Valdemar Duarte, comentador da BTV, referiu-se aos jogadores do FC Porto durante o clássico como "corja" e "uns bandidos que batem e insultam os adversários".
Francisco J. Marques, diretor de comunicação do FC Porto, afirmou esta quinta-feira que os dragões vão apresentar queixa contra o Benfica e o comentador. Contactado pelo CM, o Benfica não fez comentários.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
– Em que situações pode o VAR intervir?
– São quatro as situações: quando há falta ou fora de jogo num lance de golo; em decisões sobre a atribuição ou não atribuição de penáltis; sempre que um árbitro não utilize o cartão vermelho na altura devida; situações em que o árbitro sanciona o jogador errado.
– O árbitro tem sempre de tomar uma decisão antes de consultar o VAR?
– Sim. Não é permitido ao árbitro não tomar uma decisão e remeter a situação para o VAR.
– E a quem pertence a decisão definitiva?
– Pertence sempre ao árbitro, que tem o poder de aceitar ou não aceitar a opinião do VAR. A função do VAR é aconselhar e não tomar decisões.
– Que imagens visionam os video-árbitros?
- As que recebem em direto do operador de TV. Não recebem imagens de repetições com linhas virtuais de fora de jogo ou outros efeitos.
– Existe tempo limite para rever um incidente?
– Não. O critério do rigor sobrepõe-se ao da rapidez.
– Os jogadores podem pedir a revisão de imagens?
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