Seleção do Irão recusa cantar o hino do país em sinal de protesto

Morte de Mahsa Amini nas mãos da polícia da moralidade tem causado fortes reivindicações no país.

10 de novembro de 2022 às 09:29
Seleção Irão
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Os protestos no Irão continuam a ferro e fogo e, desta vez, foi a seleção nacional de polo aquático que quis mostrar o seu descontentamento. A equipa estava na Tailândia para disputar o campeonato asiático e iria defrontar a Índia na terça-feira, mas quando o hino do país tocou todos os atletas permaneceram calados.

O silêncio dos desportistas foi entendido por dezenas de internautas como a mais recente manifestação de descontentamento com as políticas de Teerão. O momento foi partilhado nas redes sociais e conta já com milhares de mensagens solidárias, segundo avança a Reuters.

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"Este é um dos atos mais radicais alguma vez feito pela seleção nacional de polo aquático iraniana. Reconheceremos as equipas que ficam do lado do povo e agradecemos o vosso apoio", escreveu um utilizador anónimo do Twitter.

Mas esta não foi a primeira vez que os desportistas usaram a sua visibilidade em competições internacionais para atrair os holofotes da imprensa mundial para a situação vivida no Irão.

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A primeira atleta a dar que falar foi a escaladora Elnaz Rekabi que, na Coreia do Sul, participou num torneio sem levar a cabeça tapada (algo obrigatório para as atletas do sexo feminino). Já de regresso ao Irão, Rekabi pediu desculpas pelo feito e justificou-se dizendo que estava demasiado preocupada com a prova tendo-se esquecido do hijab.

Também na semana passada, no Dubai, a equipa de futebol de praia optou por não cantar o hino numa semifinal onde defrontou os Emirados Árabes Unidos e, quando venceu um jogo frente ao Brasil, decidiu não celebrar o feito. Mais tarde, a Federação de Futebol de Praia do Irão veio classificar as atitudes dos atletas como "imprudentes".

As manifestações no país foram motivadas depois da morte de Mahsa Amini, uma jovem que foi detida pela polícia da moralidade por alegadamente desrespeitar o código de vestuário. Só em Teerão mais de mil pessoas já foram identificadas por terem iniciado "motins" e a agência de noticias HRANA dá conta de que, até esta segunda-feira, pelo menos 321 manifestantes já tinham morrido. Destes, estima-se de 50 fossem menores de idade e que 38 pertencessem a forças de segurança. De acordo com o Comité de Proteção dos Jornalistas (CPJ), 51 jornalista já foram detidos no país por estarem a cobrir os eventos.

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