A viver na Liga uma espécie de stress pós-traumático, o FC Porto voltou a assustar-se este domingo, mas deu a volta por cima, regressando às vitórias com dois golos de cabeça de Mbemba e de Mehdi Taremi, ambos a cruzamentos de um fantástico Sérgio Oliveira, que ainda assinou o 3-1 final.
É quase um problema digno de divã. Sem a música da Champions como inspiração, os dragões entram sonolentos nos jogos, o que torna a missão mais simples a equipas como o Portimonense, confortáveis num muro desenhado em 5x4x1.
É que não mexer na equipa que ganhou ao Marselha esteve longe de significar sucesso. Uribe tem uma perda displicente de bola e o lance termina no golo algarvio, com Beto a responder de cabeça ao cruzamento de Moufi. Sérgio Conceição, na bancada, mostrava a tal má cara de que falou na antevisão.
Estávamos no minuto 14 e aos 17’ já havia suplentes portistas no aquecimento, o que se tem tornado um hábito neste início de temporada. O sacrificado foi Uribe, para a entrada de Mehdi Taremi, pouco depois da meia-hora. Sérgio Oliveira já se ia destacando pelas bolas paradas e até esteve perto de marcar aos 39’, num disparo de longe. Seria, no entanto, num canto do ontem capitão do FC Porto que o empate chegaria, com cabeçada certeira de Mbemba, mesmo em cima do intervalo.
Ansiolítico importante para um FC Porto aos tremeliques. E a receita seria a mesma logo depois do descanso. O Portimonense ficou parado num lançamento dos dragões e, mais uma vez, dos pés de Sérgio Oliveira saiu um cruzamento teleguiado. Mehdi Taremi, eficaz, fez o primeiro golo com a nova camisola. Bela finalização do iraniano, que tem, pouco depois, queixas da arbitragem num penálti que fica por assinalar.
Com a reviravolta no marcador, poderia pensar-se que estavam reunidas as condições para a tranquilidade, mas o cenário foi bem diferente. O Portimonense - que entrou em campo como último classificado - chegou a empurrar o FC Porto para o último terço. Se é verdade que Taremi (71’) e Sérgio (78’, na melhor jogada do encontro) tiveram claras oportunidades, Dener (82’) ameaçou estragar a noite portista. Só que Oliveira estava em todo o lado e, depois de duas assistência, fez o 3-1, fechou o jogo e levou as chaves para casa. De longe, o melhor no regresso azul-e-branco às vitórias na Liga.
Análise do jogoPositivo: Chá de Oliveira é anti-stressNa ausência forçada de Pepe, Sérgio Oliveira foi capitão e honrou a braçadeira. Tornou-se quase omnipresente pelos 10,8 quilómetros que correu e virou o jogo com duas assistências e um golo. Nota para a estreia a marcar do reforço Mehdi Taremi.
Negativo: Péssimas entradasNão foi culpa dos comentadores, dos cronistas, dos paineleiros, do relvado, do árbitro, da chuva ou do azar. As más entradas do FC Porto em campo na Liga têm-se tornado sistemáticas e é um problema de culpa própria que Sérgio tem de resolver.
Arbitragem: Penálti por assinalarEmpurrão de Moufi sobre Mehdi Taremi é ostensivo e motivo para penálti, apesar de o iraniano estar a recuar na procura da bola. Algarvios sem razão nos protestos pelo 1-1 ter sido para lá dos descontos - o canto é conquistado bem antes.
Análise dos jogadoresSérgio Oliveira - ‘Jogas tanto, Oliveira’ é o slogan do médio que ontem fez bem por merecê-lo. Duas assistências e um golo a espantar os sustos provocados pelos algarvios. Está em grande forma.
Marchesín – Sem hipóteses no golo, não teve muito mais trabalho. Bem a sair da baliza.
Manafá – Esteve desastrado com a bola nos pés e deu abébias que iam custando caro.
Mbemba – Não sai incólume do 0-1, mas é importantíssimo na reação, com o 1-1 mesmo ao cair do intervalo.
Sarr – Ultrapassado em duelos físicos e na velocidade. Precisa de algum descanso.
Zaidu– Aqui é o contrário. Corre dois jogos. Só que é um dos culpados no golo adversário e tanto fez centros disparatados como fabulosos (71’).
Uribe – A passadeira que estendeu no golo condenou-o à saída precoce, mesmo após ter estado perto de marcar.
Corona – Esteve desligado na primeira parte. Ajudou na defesa e dá assistência no 3-1.
Otávio – Remate aos 11’ e pouco mais até ao intervalo. Fez da luta a principal arma.
Luis Díaz – Ia sendo o melhor na pior fase - bom tiro aos 27’. Caiu até ser substituído.
Marega – Longe da baliza, melhorou com Taremi. Passe à Iniesta aos 78’.
Taremi – Mehdi Taremi. Entrou, marcou, correu como um desalmado e esteve perto de bisar. Merece a aposta.
Grujic – Tampão para o fim.
João Mário – Ia marcando nos poucos minutos que teve.
Nakajima – Pouco tempo
Romário Baró – Idem.
"Morder os calcanhares aos da frente"Vítor Bruno, adjunto de Sérgio Conceição (técnico esteve na bancada devido a castigo), destacou a "conquista dos três pontos" e a reação da equipa após a derrota com o P. Ferreira.
"É uma vitória que nos permite manter na luta pelo título e morder os calcanhares aos da frente", disse, acrescentando: "Podíamos ter feito mais golos".
Sobre a pausa na Liga para as seleções, considerou que "não é benéfica" para o FC Porto, porque "não há tempo para trabalhar".
Sérgio Oliveira: "Triste pela primeira parte""Estou feliz pela vitória, mas triste pela primeira parte. Não entrámos ligados no jogo". Foi desta forma que Sérgio Oliveira abordou a partida, acrescentando: "Fizemos uma boa segunda parte. Contem connosco na luta pelo título".