Justiça pretende ‘caçar’ 2,9 milhões a Boaventura
Património do empresário vistoriados nos dois processos em que é acusado de 14 crimes.
João Moniz
29 de Março de 2023 às 01:30
O Ministério Público (MP) pretende ‘caçar’ quase 2,9 milhões de euros a César Boaventura. Esse é o montante dos pedidos de arresto que o empresário enfrenta nos dois processos judiciais em que responde por 14 crimes.
No processo mais recente, Boaventura é acusado de quatro crimes de corrupção desportiva ativa (um deles na forma tentada), por ter aliciado três jogadores do Rio Ave e um do Marítimo a facilitarem a vitória do Benfica contra as suas equipas em 2015/16. O quarteto rejeitou o suborno, mas o MP pede que o empresário seja condenado a pagar 480 mil euros. Em causa o “conceito de vantagem decorrente da prática dos crimes”. Ou seja, Boaventura teria de entregar ao Estado o montante que estava disposto a dar aos jogadores.
O MP pede ainda a “liquidação do património incongruente”. Durante o inquérito, concluiu-se que entre 2017 e 2021 deram entrada em três contas bancárias tituladas por Boaventura 1 266 902,39 €. Mas o empresário só declarou para IRS 54 982,04 €, o que dá 1 172 010,35 € de rendimento ilícito. Somando este valor aos 480 mil €, o MP pediu o arresto de três contas bancárias, dois carros e duas quotas de empresas até perfazer 1 652 010,35 €.
Este é o segundo pedido de arresto ativo contra o empresário. No processo ‘Malapata’, em que Boaventura vai a julgamento por dez crimes (ver Pormenores) por ter burlado empresários e ter escondido rendimentos como intermediário de futebol, o MP quer recuperar 1 224 333,90 € de vantagem patrimonial indevida em IRS. Somados os dois processos, dá 2 876 344,25 €.
SAIBA MAIS
‘MALAPATA’ VAI MESMO A JULGAMENTO
César Boaventura vai a julgamento no processo ‘Malapata’ nos exatos termos da acusação do Ministério Público, decidiu ontem o Tribunal de Instrução Criminal do Porto.
MOLDURA PENAL ATÉ OITO ANOS DE PRISÃO
No ‘Malapata’ o empresário é acusado de dez crimes: cinco de burla qualificada; três de falsificação de documentos; um de fraude fiscal qualificada; e um de branqueamento de capitais. A moldura penal vai de um a oito anos de prisão. Em caso de condenação será feito o cúmulo jurídico.
VIEIRA GABA-SE DE TER LIGAÇÃO PRIVILEGIADA
Boaventura burlou vários empresários em milhões de euros aproveitando-se da fama de ter uma “ligação privilegiada” com Luís Filipe Vieira, antigo presidente do Benfica.
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