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Saiu do Mali para não morrer por ser albina. Agora corre para o ouro nos Jogos Paralímpicos

Adiaratou Iglesias fugiu à perseguição e foi sozinha para Espanha. Já soma duas medalhas olímpicas e quer conquistar a terceira em Paris.

22 de agosto de 2024 às 14:43
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Saiu do Mali para não morrer por ser albina. Agora corre para o ouro nos Jogos Paralímpicos

Mais comum em África do que no resto do mundo, o albinismo é uma condição genética rara que resulta da falta de pigmentação (melanina) que deixa as pessoas albinas com cabelo, pele e olhos claros.

Apesar de não ser invulgar, não é fácil viver com essa doença no continente africano, onde muitos albinos são perseguidos, amputados e assassinados em rituais e bruxarias.

Foi para fugir a esse clima de medo e insegurança que os pais biológicos de Adiaratou Iglesias, albina, a enviaram do Mali para Espanha, com apenas 11 anos.

"Sempre adorei correr e sempre fui apaixonada por isso, mas nunca consegui [praticar atletismo] por circunstâncias da vida até 2014", disse a atleta de 25 anos à Reuters, enaltecendo o trabalho da mãe adotiva, Lina Iglesias, sem a qual "isto nunca seria possível".

Quando era criança, Adi, como é conhecida, costumava fazer recados à mãe sempre com grande rapidez. Agora, prepara-se para conquistar medalhas nos Jogos Olímpicos onde, em 2021, já subiu ao primeiro lugar do pódio.

Quando terminou a prova de 100 metros T13, a espanhola não sabia que tinha ficado em primeiro. "Não sabia nada quando cruzei a meta porque não consigo ver o que está de lado", explicou. O albinismo prejudica a perceção visual de Adi em 90%.

A atleta também conquistou medalha de prata nos 400 metros em Tóquio e sonha agora ouvir a família adotiva gritar "ouro" quando acabar a corrida em Paris.

Depois de ter estado num abrigo de crianças no norte de Espanha, Adi foi adotada em 2013. Passou a viver na região galega de Lugo e obteve cidadania espanhola.

A mãe adotiva mostrou-se emocionada e orgulhosa ao descrever o que seria, para ela, abraçar a filha depois de uma vitória em Paris. "Seria uma grande emoção para mim, mas não maior do que sinto sempre que a vejo a correr", respondeu.

Ainda que, hoje em dia, passe mais tempo no centro de alto rendimento de atletas em Madrid, a corredora quer manter as medalhas que já conquistou no seu quarto de infância, em Lugo. "Vai ser um museu e isso faz a [Lina] muito feliz", confidenciou.

Os jogos Paralímpicos de Paris começam na próxima quarta-feira.

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