Os adeptos da seleção iraniana que apoiam os protestos contra o governo do Irão fizeram-se notar, esta sexta-feira, nas bancadas do Estádio Ahmed bin Ali, onde decorreu o Gales-Irão para o Mundial 2022, e que o Irão venceu por duas bolas a zero.
T-shirts com a frase "Women, Life, Freedom" (Mulheres, Vida, Liberdade), uma camisola a evocar Mahsa Amini – uma jovem iraniana morta após ser detida pela polícia – e bandeiras com uma cruz negra por cima foram alguns dos adereços que os adeptos mostraram nas bancadas.
Segundo a agência Reuters, um homem com uma camisola com a frase "Women, Life, Freedom" foi escoltado por três seguranças até à entrada do estádio e outro segurança obrigou um adepto a retirar a cruz negra que tinha colada na bandeira do Irão. À Reuters, um porta-voz da organização reencaminhou a lista de objetos proibidos pela FIFA e pelo Qatar dentro dos estádios, na qual constam objetos com "mensagem políticas, ofensivas e discriminatórias".
No jogo de estreia no Mundial, os jogadores iranianos recusaram-se a cantar o hino, mas esta sexta-feira acompanharam baixinho enquanto o cântico se ouvia no estádio.
Segundo a AP, alguns adeptos que apoiam o governo iraniano confrontaram mesmo os adeptos que se opõem ao regime.
Recorde-se que os protestos no Irão foram desencadeados pela morte de Mahsa Amini, que perdeu a vida a 16 de setembro, após ser detida pela Polícia da Moral por, alegadamente, estar a violar o rigoroso código de vestuário da República Islâmica.
A onda de protestos contra o governo, considerados os maiores desde a revolução de 1979, tem sido fortemente reprimida pelas autoridades iranianas. Segundo dados da Iran Human Rights, que tem sede em Oslo, desde o início do movimento de contestação já morreram 416 pessoas, entre elas 51 crianças e 21 mulheres.