De Alfama para a escadaria da velha Sé

Soraia é uma menina de Alfama, nascida e criada. Não gosta de fado, tantos foram os serões que passou a ouvi-lo na casa da avó. Mas adora bailaricos e manjericos e, por isso, não podia estar mais radiante por ser uma das próximas noivas de Santo António. 

Foi nesse bairro tão típico da cidade, onde há poucas décadas ainda se ouviam os pregões das varinas, que trocou o primeiro beijo com Hélder, que conheceu numa noite de movida nas Docas de Lisboa. Cruzaram olhares e pode dizer-se que a atração foi imediata, ou de outra forma não teriam arranjado maneira de trocar contactos. Depois, veio o primeiro telefonema, o primeiro encontro e a seta do Cupido apanhou-os desprevenidos.

Agora, já não têm dúvidas: foram feitos um para o outro e vão ficar juntos para sempre. "Enquanto houver paciência, tolerância, respeito... Claro que temos altos e baixos, mas o sentimento é muito forte. Acho mesmo que vamos ficar casados até sermos velhinhos, sentados no sofá e eu a mandar o Helder baixar o som da televisão..." Não estarão lá sozinhos, certamente. O casal já tem duas filhas, Ariana e Fabiana, com quatro e dois anos de idade, respetivamente.

"Querem participar em tudo e notam a nossa alegria. No outro dia, quando saímos para um jantar organizado pela Câmara com os outros noivos, elas também já queriam vir connosco", conta a mãe. É a isso que estão habituadas. Afinal, o dia a dia de Soraia e Helder gira em torno das meninas. "Mesmo quando estamos de folga, todos os programas as incluem a elas... E pelos intervalos da chuva vamos tentando namorar", confessam.

AGENDA PESADA

AGENDA PESADA

No futuro gostavam de ter mais filhos, mas com calma, porque a vida não facilita. "Ainda por cima temos horários complicados e é sempre com grande esforço que se concilia a vida profissional com a familiar", explica ele, que trabalha num armazém, enquanto Soraia pica o ponto num supermercado.

Por estes dias, tudo se complica, com a agenda pesada dos noivos. "Há muitas coisas para fazer, conhecemos muita gente... Mas também é bom partilhar a felicidade do nosso amor", diz ela, referindo-se aos restantes 15 casais com quem vão dividir a escadaria da Sé de Lisboa, já no próximo dia 12.