ALVALADE XXI

Quando na quarta-feira o árbitro apitar o início do jogo entre o Sporting e o Manchester, terá início a nova era leonina.

03 de agosto de 2003 às 13:44
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“Só dependemos de nós”, declarou o presidente José Roquete, a 13 de Maio de 1999, numa mítica assembleia-geral. O caminho de modernização do Sporting ficará para a história do clube como o ‘Projecto Roquette’ que integra, além do estádio, um centro de estágio, em Alcochete, e várias estruturas desportivas e empresariais agregadas ao novo projecto desportivo. Neste caminho, além do herdeiro de José de Alvalade, está o presidente do Conselho Fiscal, Dias da Cunha.

A 2 de Junho de 1997, quando a assembleia-geral aprovou a constituição da sociedade do Estádio, começou em marcha a construção da estrutura desportiva. Um dos mais belos sonhos do Sporting para o século XXI. Dando corpo à ideia, contactou-se a credenciada firma holandesa Ballast Neddam, autora dum dos mais futuristas estádios europeus (Arena de Amsterdão, propriedade do Ajax) e responsável pelos imponentes pilares da Ponte Vasco da Gama. Confrontada com a modernização do “velho” Alvalade, a empresa fez valer bons argumentos da construção do novo contra os inconvenientes do antigo. Em termos de futebol (e não só) para a era moderna. O seu projecto, revela-se um dos mais modernos e arrojados recintos para a prática do futebol alguma vez construído entre nós. Que acaba por tomar forma desde Janeiro de 2001 com as primeiras obras no terreno.

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Os mais de 94 mil sócios - nos últimos dias tem sido um corropio de inscrições - e os adeptos, calculados em três milhões, vão ter à sua disponibilidade um estádio que 52.000 pessoas. Mas o mundo de Alvalade XXI não se confina ao estádio, integra ainda áreas comerciais, cinematográficas, culturais, de diversão e restauração. Quando, na quarta-feira, o clube entrar em campo inicia-se uma nova página da história do clube.

“Queremos que este clube seja um grande clube, tão grande como os maiores da Europa”. As palavras são do Visconde de Alvalade, então presidente de um novo clube que se viria a chamar Sporting Clube de Portugal. O ‘foot-ball’, já enraizado em Inglaterra, tinha despertado a atenção de um grupo de aristocratas portugueses. Um ano após a sua fundação, já o Sporting se orgulhava de estrear o melhor campo de jogos do País, no Lumiar. O Sítio das Mouras foi inaugurado com pompa nessa quinta-feira de 4 de Julho de 1907. Incrédulos, os convidados visitam o pavilhão dos vestiários que dispõe de armários individuais e balneários onde se pode tomar banho de chuveiro e de imersão. O campo atlético inclui um campo de jogos relvado para futebol e dois “courts” de ténis. Era um luxo, até tinha uma pista de atletismo. O ano da inauguração coincide com a criação do primeiro emblema e a conquista da primeira taça, após vitória sobre o Clube Estefânia, a 1 de Dezembro. No dia 25 de Outubro de 1908, estreia-se o novo equipamento: camisola bipartida com faixa verde e branca e calção branco. De emblema verde com leão rampante ao peito. Anos depois, o clube muda-se para instalações mais modestas no Campo Grande. Data desse período, a digressão brasileira de 1928. O Sporting joga com camisolas da equipa de ‘rugby’, mais frescas, com listas horizontais verdes e brancas. Passam a ser o equipamento oficial, desde então. Vive-se a época dos memoráveis golos de Peyroteo e das “felinas” defesas de Azevedo. Deixando a segunda “casa”, o Sporting radica-se com um carácter mais definitivo no Estádio do Lumiar (ou Estádio de Lisboa), a partir de 1937. Próximo do local onde será erguido o imponente Estádio José de Alvalade, duas décadas mais tarde. Nesse estádio, conhecido como “caixa de fósforos”, estão muitas páginas de ouro do historial do Sporting, interpretadas, na maioria, pelos ‘Cinco Violinos’.

RELVA OLÍMPICA

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Idealizado em 1953, deveria ser inaugurado um novo ‘palco’ no ano das bodas de ouro. Envolvendo duas destacadas figuras (Góis Mota, presidente da Assembleia Geral e da Direcção e Manuel Vinhas, presidente da Comissão de Obras e Melhoramentos) e uma comissão de sócios, a construção durará pouco mais de um ano. O Estádio José Alvalade é o maior do País, (45.000 espectadores) , tem cobertura da bancada em betão pré-esforçado (a famosa pala, alvo de polémica pela eventual derrocada). Dispõe ainda de duas pistas (atletismo e ciclismo) e de um relvado com generosas proporções (105,30 x 68,70m). Será inaugurado no domingo de 10 de Junho de 1956 com presença do chefe de Estado, general Craveiro Lopes. Poucas horas antes do início da cerimónia, chega um serpenteado cortejo de 200 “scooter” Vespa do Vespa Clube de Portugal que transporta desde Madrid um pedaço de terra recolhido em Olímpia e trazido por avião até à capital espanhola. A cerimónia abrange 1500 atletas leoninos, 31 federações e associações, 200 clubes e 71 filiais. Joga-se um Sporting – Vasco da Gama (Brasil) que este vence por 2-3. Difícil será enumerar os momentos mais marcantes nos 47 anos de vida. Talvez as épocas de 63-64 com conquista da Taça das Taças, de 73-74 onde o futebol do Sporting ganhou tudo e chegou às meias finais da mesma competição ou de 1999-2000, quando o clube quebra um jejum de 18 anos sem títulos de campeão nacional.

Estádio José de Alvalade

Estádio José Alvalade/XXI

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Início das construções

1954 / 2001

Inaugurações

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10 de Junho de 1956 / 6 de Agosto de 2003

Projectos

Arq. Anselmo Fernandes (foi treinador do Sporting aquando da conquista da Taça em 1963/ 64) / Ballast Neddam (Holanda)

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Construtores

Alves Ribeiro / Consórcio Somague e Teixeira Duarte

Lotações (espectadores)

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50.080 (2002) / 50.173

Dimensões dos relvados

105,30 x 68,70m / 105 x 68m

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