Antibióticos do futuro
Bolsa milionária do Conselho Europeu de Investigação é um selo de qualidade para a ciência portuguesa.
Doze pessoas morrem por dia em Portugal por causa de infeções hospitalares. Sete vezes mais do que o número de mortes nas nossas estradas. Estas infeções são provocadas por bactérias em que basta que apenas uma sobreviva aos antibióticos para que em muito pouco tempo se reproduza e forme um autêntico exército resistente.
A química Mariana Pinho, do Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB), recebeu 2,6 milhões de euros da União Europeia para estudar o ciclo celular destes microrganismos, para ajudar a desenhar no futuro novos antibióticos.
"Há muitas bactérias que adquirem o que se chama elementos móveis de ADN, que são fragmentos mais pequenos que passam muito facilmente de uma bactéria para outra", garante a cientista, reforçando que "é assim que elas passam a informação da resistência a antibióticos de umas para as outras".
Esta bolsa do Conselho Europeu de Investigação, a segunda que Mariana ganha, além de permitir contratar investigadores altamente qualificados, serve também para comprar equipamento imprescindível para fazer este trabalho.
Receber este tipo de financiamento do programa de investigação e inovação da União Europeia, o Horizonte 2020, é um autêntico selo de qualidade para a ciência portuguesa. Só em 2017, oito dos 329 investigadores seniores de toda a Europa galardoados com este fundo trabalhavam em Portugal.
Isto quer dizer que dos 630 milhões de euros distribuídos por todos, mais de 16 milhões estão a ser aplicados em projetos nacionais. Valores que Carlos Moedas, Comissário europeu da Ciência e Tecnologia, acredita que vão aumentar este ano.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt