Ideias em transformação: as 'startups' e a ambição de crescimento
No Taguspark há uma incubadora responsável por apoiar empresas em desenvolvimento e transformar ideias em realidades
É no fundo do mar que está a inspiração da Ceel4Food, uma 'startup' portuguesa que está a transformar células de espécies marinhas como polvos ou peixes em produtos alimentares. O objetivo é desenvolver em laboratório um produto que imite o sabor e os nutrientes do pescado, mas com menos impacto ambiental. Filipa Soares, CTO da empresa, explica que a ideia é “usar as células destes animais, dar-lhes um meio nutritivo para se desenvolverem em laboratório e depois, com a ajuda da engenharia alimentar, juntar ingredientes que adicionam a textura e o valor nutritivo”. Filipa Soares destaca ainda que a ambição é que “futuramente esta possa ser uma alternativa face ao elevado crescimento populacional e ao consumo atual”.
Também na Incubadora há outra startup com impacto ambiental e que está a usar resíduos agrícolas que iriam para o lixo, como o engaço, bagaço de uva ou cascas de amêndoa para, através de diferentes métodos, extrair polifenóis, um composto orgânico com grande valor para várias indústrias. Oumaima Boutoub, diretora do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Agrophenols, explica que “cada resíduo pode ter quantidades diferentes deste composto, que pode ser utilizado pela indústria farmacêutica, alimentar ou agrícola”. E acrescenta que “quando a matéria-prima chega aos laboratórios é transformada numa espécie de pó, que passa por vários processos para que sejam extraídos os polifenóis”. O objetivo é criar valor com um resíduo que iria parar ao lixo ou à compostagem e, desta forma, promover a economia circular.
Desde 2012 a Incubadora recebe e apoia 'startups' de várias áreas científicas e tecnológicas e a inovação não acontece apenas nos laboratórios. É o caso da Clevidence, que atua na área da saúde e que se dedica à avaliação de medicamentos e terapêuticas, ajudando a decidir que fármacos devem ser financiados. Diogo Mendes, CEO da empresa, explica que “são utilizados processos de análise de informação baseados na melhor evidência científica disponível acerca dos efeitos clínicos, económicos e sociais das intervenções em saúde”. A ideia é determinar o valor que um novo tratamento pode acrescentar comparativamente aos que já existem e, por isso, tudo é avaliado com o rigor necessário.
Pela Incubadora do Taguspark já passaram mais de 200 empresas que tiram partido dos laboratórios, equipamentos, condições físicas e mentorias que a mesma oferece. Em simultâneo, estas 'startups' crescem no mesmo parque que grandes empresas tecnológicas e até uma universidade, o que pode impulsionar o crescimento e promover várias colaborações. Desde que foi criada já várias startups cresceram e escolheram permanecer no parque para continuar os seus negócios.
Dependentes de combustíveis fósseis
Em Portugal, o consumo de energia tem aumentado desde 2013, com exceção do ano de 2020. Entre 2003 e 2023, o consumo cresceu 10%. 53% da energia consumida advém de combustíveis fósseis como o petróleo ou o gás natural.
Transportes são o principal consumidor de energia
Em 17 países da União Europeia, onde Portugal se inclui, os transportes são o setor que consome a maior fatia da energia final. Na Finlândia ou na Suécia, é a indústria o principal consumidor. Em países como Estónia, Dinamarca ou Hungria são as famílias quem mais consome energia.
Incubadora Taguspark: o futuro começa aqui
Por Eduardo Baptista Correia, CEO Taguspark
Acredito que o futuro não se constrói dentro de uma única disciplina. Pelo contrário! Só uma sociedade capaz de cruzar ciência, tecnologia e criatividade humana pode progredir. É isso que acontece todos os dias na Incubadora Taguspark: um laboratório onde mentes inquietas se juntam para transformar potencial em impacto.
Inserida num ecossistema que vai além do ato de acolher 'startups', a Incubadora Taguspark cria as condições (raras) para que talento se converta em valor económico, científico e social. Basta olhar para o trabalho transformador de 'startups' como a Clevidence, a Cell4Food ou a Agrophenols para perceber que o futuro da biotecnologia e da alimentação sustentável já se constrói dentro destas paredes.
A inovação, neste contexto, não é slogan. É prática. É transformar ideias em protótipos físicos, testar conceitos, e validar antes de avançar para a produção em escala.
O próximo grande avanço pode estar a nascer numa bancada dentro do Taguspark. O futuro começa aqui e agora.
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