SHAKIRA, QUENTE

De Nova Iorque a Monte Carlo, a presença de Shakira é sempre perturbadora. Dona de uma silhueta invejável e de um ritmo contagiante, ninguém fica indiferente ao sex symbol latino, que namora o filho do presidente da Argentina. O Domingo Magazine foi encontrá-la em Madrid, onde vai promover o seu último álbum, Laundry Service.

24 de junho de 2002 às 15:48
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"A música de Shakira tem uma sonoridade especial, que não se encontra em mais nenhum artista. Ninguém canta ou dança como ela, com uma sensualidade tão inocente que até parece ter sido inventada por si." Estas palavras podiam ter sido proferidas por qualquer fã da jovem colombiana, mas na realidade (pasme-se!) pertencem ao escritor Gabriel García Márquez, seu compatriota e galardoado com o prémio Nobel da Literatura, em 1982.

Há menos de um ano, quem pronunciasse ou escrevesse Sharica em vez de Shakira, o mais certo era ver o seu erro passar impune. Ninguém levava a mal, ou sequer reparava. Mas nos dias que correm, se ainda não ouviu falar desta sex bomb hispânica, está na altura de descer à terra e dar uma vista de olhos pelas capas das revistas People, Cosmopolitan ou Time (sendo que esta última até a elegeu como figura principal da nova Era Rockera).

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Com o lançamento do álbum Laundry Service - o quinto da sua longa carreira, mas o primeiro em língua inglesa - o nome Shakira entrou de rompante na cena musical.

Apesar de não estar habituada a transmitir as suas emoções, ou experiências de vida em inglês, a jovem descobriu como contornar o problema: "Escrever numa língua que não é a nossa, mesmo que a saibamos falar bem, é sempre um processo algo delicado. Para me ajudar, comprei um dicionário de inglês/espanhol e alguns livros de poesia de Walt Whitman. Depois, foi só juntar muito trabalho e alguma força de vontade", conta a cantora.

Sem pedir licença, o "furacão" tornou-se numa presença assídua nas televisões de todo o mundo, nas revistas cor-de-rosa, na publicidade da Pepsi Cola (apesar de Shakira já ter confessado que só bebe Diet Pepsi) e nas galas mais prestigiantes - onde tem agradecido os vários prémios que, nos últimos meses, lhe têm sido atribuídos, como o World Music Award, para melhor artista latina do ano. Em todos os discursos, a jovem faz questão de incluir o nome do seu namorado, António de la Rúa, filho do ex-presidente da Argentina, Fernando de la Rúa. Uma relação que já dura há mais de um ano e que caminha a passos largos para o altar.

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Com a demissão de Fernando de la Rúa, na sequência da grave crise económica da Argentina, o videoclip do single Whenever, Wherever - que conta com a presença do seu "mais-que-tudo" - chegou a ser banido das estações de TV argentinas, que o consideravam insultuoso. Um episódio isolado, já que na maioria dos países ninguém ficou indiferente aos movimentos de anca da cantora, que começou a ensaiar os primeiros passos com apenas quatro anos. "Ninguém me ensinou a dança do ventre, eu aprendi sozinha. É algo que me está no sangue, já que tenho descendência libanesa e sou uma apaixonada pela música árabe", revela a colombiana.

Nascida em Barranquilla, na Colômbia, no dia 2 de Fevereiro de 1977, Shakira Isabel Mebarak Ripoll é a mais nova de oito irmãos. O seu pai, William Mebarak, um americano de descendência libanesa, apaixonou-se à primeira vista pela enigmática Nidia Ripoll, natural da Colômbia. Os dois sempre fizeram os possíveis para ajudar a filha a concretizar o sonho de se tornar cantora. Desde cedo que a pequena Shakira sabia bem o que queria fazer na vida, mas a família não tinha possibilidades financeiras para a inscrever numa escola de música e dança. Um contratempo que não a impediu de continuar a sonhar alto, já que nem precisou de lições para aprender a tocar guitarra.

Apesar de ser fã dos ritmos árabes, a jovem cresceu a ouvir bandas como Led Zeppelin, Beatles, Nirvana, The Cure ou The Police, que influenciaram o seu estilo musical. Apesar de ter todos os ingredientes necessários para vingar na música pop, a sensual Shakira escolheu seguir um caminho mais complicado, e nunca lhe passou pela cabeça abandonar a sua primeira paixão: o rock.

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Com apenas 13 anos, tornou-se na mais jovem artista da Sony Music Colombia, quando assinou o primeiro contrato discográfico. Pouco depois, lançou o álbum Magia, uma compilação de canções que havia escrito entre os oito e os 13 anos de idade. O álbum não foi um sucesso estrondoso, mas deu-lhe a possibilidade de ser escolhida para representar o seu país no Festival da OTI, em Espanha. Uma participação que teria de ficar adiada, dada a sua tenra idade.

Perfeccionista por natureza, a adolescente foi conciliando a sua carreira artística com os estudos, o que lhe permitiu acabar o liceu com boas notas. Mas era a música que ocupava um lugar especial no seu coração e, com 16 anos, teve a oportunidade de gravar o seu segundo trabalho, Peligro, que a lançou para a ribalta. Apesar de se sentir confortável no ritmo rock, a cantora teve de travar uma "batalha" com os executivos da Sony que, durante os primeiros anos, tentaram transformá-la numa cantora pop. A sorte (e o talento) estavam do seu lado e com o terceiro álbum, Pies Descalzos - que incluía uma mistura de ritmos latinos e rock - o seu potencial veio à superfície. Lançado em 1995, o disco vendeu mais de quatro milhões de cópias, graças aos singles Estoy Aqui e Donde Estas Corazon.

'Gosto de Brincar com as Minhas Neuroses'

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Antes de preparar o seu próximo álbum, Shakira passou ainda pela televisão, tendo participado na novela colombiana Oasis, durante três anos. E só em 1998 é que se sentiu preparada para divulgar o disco Donde Estan Los Ladrones, um título pouco convencional, que lhe surgiu depois da sua mala ter sido roubada no aeroporto. Em pouco tempo, subiu ao 1.o lugar do top em inúmeros países, e foi multiplatina nos Estados Unidos, Argentina, Chile, México e Espanha. Produzido por Emílio Estefan - que se tornou no seu agente - o álbum revelou uma Shakira mais madura e algo polémica, visível em algumas letras das suas canções. Uma característica ainda hoje presente na sua música, e no single Whenever, Wherever, que assume, sem pudor o tamanho reduzido do seu peito: "Nunca pensei que uma pequena frase fosse provocar tanta polémica. A verdade é que eu tento ser honesta com o que escrevo nas minhas músicas e gosto muito de brincar com as minhas neuroses. E todas as mulheres, pelo menos uma vez na vida, já se questionaram acerca do tamanho do peito", explica a cantora colombiana, que apesar de ser a nova estrela da música latina, garante que não vive obcecada pela imagem. Afinal, não se sobrevive no meio artístico só porque se é dono de um palminho de cara: "A imagem é importante, mas só como acessório. Não é a essência de um artista", assegura Shakira.

Em 2000, a cantora grava ainda um concerto Unplugged para a estação televisiva MTV, seguindo os passos de outras estrelas como Alejandro Sanz ou Alanis Morissette, com quem Shakira partilha algumas semelhanças. Apesar de já não ter o cabelo preto e comprido como o daquela americana (depois de o ter pintado de ruivo e de preto, anda agora a despertar paixões de cabelo loiro platinado), mantém o mesmo estilo agressivo e algo irónico, que tem caracterizado o percurso musical de Alanis.

Com a América Latina e os EUA já rendidos à sua sensualidade e encanto, estava na hora de Shakira tomar de assalto o resto da Europa, um sonho que se tornou realidade com Laundry Service, outro título peculiar, mas que está em sintonia com a nova fase que ela está a atravessar. Neste momento, a jovem colombiana diz-se "limpa" do passado, já vê a vida com mais clareza e está a divertir-se muito mais. Depois de escrever Objection, a primeira faixa a ser incluída no álbum, Shakira sentiu que estava preparada para escrever mais dez canções. Em Underneath Your Clothes, chega mesmo a confessar que algumas das letras parecem ter sido escritas pela mão de Deus: "Eu sou uma pessoa muito crente, acredito mesmo que existe um Deus que me guia e que me ajuda sempre que preciso. Às vezes é tão real, que quase o posso tocar", revela a nova estrela latina que, em Novembro, promete vir a Portugal brindar os fãs com um concerto.

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