Mal tinha acabado de comer, após um patrulhamento, começaram a cair mísseis.
Ficando bem classificado no curso de sargentos milicianos, fui destacadoparaCoimbra,fazendo trabalhodesecretariaedando instrução aos mancebos mais novos. Pensava eu que tinha escapado a uma possível mobilização... porém, enganei-me. A ordem para me apresentar em Penafiel chegou numa manhã. O batalhão partiu para a Guiné, no navio ‘Niassa’, a 6 de julho de 1973.
Chegámos ao destino a 13 de julho e começámos logo a ouvir bombardeamentos. Sendo a Guiné plana, o som era audível a quilómetros de distância. Fomos instalados no Cumeré, um centro de IAO(Integração/Ambientação/ Operacionalidade), situado a poucos quilómetros de Bissau. Logo à chegada, recebia a má notícia do falecimento de um camarada da minha terra, o Serafim, colega da escola primária. Desmoralizou-me muito…
Um mês depois partimos em coluna militar para o que iria ser a nossa casa durante o tempo de comissão – Nova Lamego (hoje Gabu, no interior leste). O dia a dia passava por prevenções, segurança à pista de aviação, colunas militarizadas de abastecimento a destacamentos, incursões pelo mato em patrulha, bem como treinos na carreira de tiro.
Jogar à bola e caçar
O meu grupo de combate foi destacado para Canquelifá, no fim de janeiro de 1974, para reforçar o destacamento que lá se encontrava, pois estavam a ser atacados.
Após um patrulhamento de cinco quilómetros, perto da fronteira da Guiné-Conacri (República da Guiné), mal tinha acabado de tomar um duche e de comer qualquer coisa, começam a cair mísseis terra-terra por todo o aquartelamento. O primeiro caiu a cerca de 30 metros de onde eu e o meu grupo estávamos, fazendo um funil enorme no chão e não pararam de cair até que os nossos obuses começaram a ripostar.
O barulho era ensurdecedor, muito pó e fumo no ar. Camaradas e população a chorar e nós a tomarmos posições de combate nas valas, prevendo possível ataque do inimigo por terra. A nossa artilharia, eficaz como sempre, conseguiu, pouco a pouco, terminar com o bombardeamento inimigo. Durou a noite toda. Felizmente não houve baixas nas nossas tropas, só que o aquartelamento foi todo arrasado. Fizemos um patrulhamento à zona e deduzimos que a nossa artilharia tinha feito baixas no inimigo devido ao que encontrámos no mato.
Depois do 25 de abril, os problemas diminuíram no mato e passaram para as aldeias. Nova Lamego foi atacada em maio de 1974. Como se tinha dado o 25 de abril, o inimigo pensou que já era tudo dele. Eram tiros por todo o lado, ao ponto de ser solicitada a intervenção dos paraquedistas, dos comandos e da Força Aérea. Esteve mesmo muito feio. Sofremos uma baixa, o nosso guia africano, o Baldé, que levou um tiro pelas costas. O meu grupo de combate ainda foi destacado para Cabuca, perto da fronteira, não havendo nada a registar a não ser um levantamento de rancho. Regressámos de avião a 7 de setembro de 1974.
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