page view

As mulheres que Carlos Castro amou

Treze ícones de beleza e rebeldia – porque o feminino nunca foi coisa simples nem linear – inspiraram o novo livro do cronista.

05 de setembro de 2010 às 00:00

Um livro sobre mulheres porque a elas o Mundo pertence. A quinta incursão literária do comentador social Carlos Castro passa em revista a vida, os escândalos e as causas de mulheres singulares como Amália Rodrigues, Marilyn Monroe, Grace Kelly ou a princesa Diana.

Ao todo são treze. Belas. Corajosas. Deslumbrantes. Trágicas. Por todas elas, Carlos Castro "apaixonou-se", amor agora confessado nesta obra de sensibilidade apurada.

"A minha solidão é povoada de mulheres, da voz da Maria Callas que de quando em vez me alegra ao ecoar em minha casa, ao retrato da Romy Schneider na parede do escritório. Tenho profunda admiração pelo feminino, no seu todo. Por aquelas que estão neste livro e por todas as outras que continuam a travar diariamente batalhas vencedoras num mundo ainda tão dominado pelo machismo", justificou o cronista.

Por isso, as 184 páginas de ‘As Mulheres que Marcaram a Minha Vida’ – compilação das crónicas que Carlos Castro tem vindo a publicar nos últimos anos na revista ‘Moda & Moda’ – estão tão impregnadas de sedução e glamour como de acontecimentos que chocaram o Mundo mas acabaram por ditar outras formas de ver e pensar a existência e a arte. Como aconteceu naquele 5 de Agosto de 1962, que acordou com a notícia da morte de Marilyn Monroe.

"O cometa incandescente que varreu os céus (...), deixando o seu brilho de estrela a iluminar o panteão da América, fazendo companhia a Elvis e James Dean", escreve Carlos Castro, lembrando que, depois dela, nada voltaria a ser como dantes.

DIVAS COM PÉS-DE-BARRO

Com prefácio de Maria Barroso, ‘As Mulheres que Marcaram a Minha Vida’ promete ser apenas o primeiro volume de uma série que ainda fará recordar outros tantos ícones femininos.

Nesta estreia, porém, Carlos Castro não pôde deixar de recordar duas portuguesas eternas: Beatriz Costa e Amália Rodrigues. Duas estranhas formas de vida.

Da fadista, o autor celebra "a voz única, maravilhosamente rara e poderosa" e uma "vida inteira de fascínio e em magia absoluta". Recorda-lhe a infância, vivida na Madragoa, a juventude como bordadeira, vendedora de limões e rainha das marchas populares Lisboa. Depois chega-se ao Retiro da Severa, onde "a voz" siderou a alma de quem estava ao entoar os versos de Amália Rebordão. No derradeiro fim "eram flores, flores que ela pediu que lhe oferecessem, e ali estavam as flores nas mãos do seu povo".

Sobre Sissi da Áustria, Carlos Castro debruça-se, sobretudo, na fuga da imperatriz para a ilha da Madeira, onde ainda hoje é recordada com carinho pelas gentes da terra, em histórias que passaram de boca em boca através das gerações: "joga às cartas e passeia a cavalo (...) toca ‘braguinha’ ou ‘machete’, instrumentos tão tradicionais da ilha".

Da actriz coroada princesa, Grace Kelly, relembra a cigana que previu a sua vida como "um conto de fadas", as causas humanitárias em que se envolveu e, numa viagem até ao outro lado do Atlântico, sobressai a "pequena notável" Carmen Miranda.

A "menina franjinhas", a "dona do maior sorriso do mundo", ocupa outras tantas emotivas páginas deste livro, com os seus desamores trágicos, a inquietude, os vícios e a fama que acabou por matá-la. O funeral que começou no dia de Carnaval. O samba mais sentido que o Brasil cantou. Ou seja, todas as mulheres que o Mundo chorou, mesmo que nem sempre as soubesse amar.

CARLOS CASTRO, CRONISTA

Nasceu em Moçamedes, Angola, em 1945. Passou pela imprensa, rádio, televisão, foi organizador de espectáculos e de galas. Este é o seu quinto livro.

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

o que achou desta notícia?

concordam consigo

Logo CM

Newsletter - Exclusivos

As suas notícias acompanhadas ao detalhe.

Mais Lidas

Ouça a Correio da Manhã Rádio nas frequências - Lisboa 90.4 // Porto 94.8