A Tailândia pode ser um cenário de sonho para umas férias pacíficas e silenciosas. Mas a sua capital, Banguecoque, é diferente. Viagem ao mundo da tentação...
Outrora conhecida por Sião, a Tailândia é uma miscelânea de povos, culturas e religiões. E Banguecoque, a capital, não é, à primeira vista, muito diferente de um centro financeiro típico de uma grande cidade. Há McDonald’s, cyber-cafés cheios de jovens executivos de gravata e fato, centros comerciais e edifícios que buscam o céu. No entanto, quando as luzes dos grandes prédios das ruas de Silom e Suriwong se apagam, a noite acende-se de outras ofertas. Tudo isto pode parecer confuso, mas quando Just Jaeckin realizou Emmanuelle o célebre filme erótico de origem holandesa com Sylvia Kristel a Tailândia ficou marcada. Os europeus ficaram com vontade de apanhar o primeiro avião para Banguecoque, em busca da liberdade e da concretização de todos os sonhos mais privados. Foi a época em que os turistas do velho continente, especialmente da Holanda e da Alemanha, substituíram os soldados norte-americanos na zona de Patpong. E a Veneza do Oriente passou a ser conhecida como a «capital do pecado».
Em Banguecoque todos os caminhos podem ir dar ao sexo. Se formos à procura dele, claro. Quem quiser comprar roupas, das originais às melhores imitações de marca, também tem um destino certo. E, num caso concreto, a estação de metro de superfície (o novo Skytrain) de Sala Daeng pode funcionar como ponto de referência para quem procura estas duas coisas tão diferentes. Ao anoitecer, porque durante o dia esta estação serve o principal centro financeiro da capital tailandesa.
Hoje, o que era proibido está disponível, na zona de Patpong, sem ser necessário procurar muito. Das típicas massagens tailandesas aos pés ou ao corpo, a outras mais sugestivas, como uma oferta de «favores» sexuais, tudo é possível . No meio da confusão do mercado nocturno de Patpong, que cresceu exponencialmente nos últimos anos, existe um verdadeiro paraíso da contrafacção, onde se pode regatear os preços de camisas, calças ou simples porta-moedas, das mais famosas marcas do mundo. A mistura de vozes é total. Os bares circundam as bancas de venda de roupas e as frases sucedem-se: «Sing sing girls», «go-go girls», «pussy smoke cigarette», «pussy open bottle». Mas as frases para os «farangs» (os estrangeiros) dirigem-se a todos em geral e a ninguém em particular. Os turistas representam dinheiro. E os bares estão ali para negociar a curiosidade, ou algo mais...
Há quem diga que a poligamia - autorizada até 1935 - continua a fazer parte da cultura dos tailandeses. Mas quem percorre as ruas e não vislumbra sinal de contacto físico, pode muito bem ficar com dúvidas. Como é que o «paraíso do sexo» pode existir ali? Não se pense que a Tailândia é o único país onde a oferta sexual é grande. A diferença é que a tailandesa tem um charme exótico. E é capaz de ser isso que atrai os estrangeiros. Diz-se que, na Tailândia, as prostitutas podem chegar ao meio milhão, e que a maioria dos clientes são locais e não estrangeiros. Segundo a Chulalongkorn University, as receitas do tráfico de mulheres na Tailândia ascendiam, há uma década, a dois terços do orçamento nacional do país. Ainda que as autoridades tentem lutar contra a prostituição infantil e o tráfico de mulheres.
Patpong é conhecida como o red light district de Banguecoque. Entre as ruas de Silom e Suriwong, as luzes de néon chamam os turistas, e a música ocidental, as vozes dos funcionários e das raparigas de biquíni cruzam-se, como num filme.
A sua história como paraíso sexual é recente. Foi na década de 60 que se tornou numa zona de clubes nocturnos para tailandeses ricos e o seu proprietário original era um chinês milionário que deu nome à zona. Chamava-se Udom Patponsiri e faleceu a 30 Setembro de 1996, com a provecta idade de 79 anos. Foi o verdadeiro mentor deste pequeno pedaço de terreno que nem sequer tinha nome quando foi adquirido pela sua família, em 1946. Na altura, pouco valia e tiveram de se fazer alguns aterros, porque Banguecoque é uma cidade cheia de canais internos, por onde se podem ver barcos de todos os tipos a navegar. Um tipo de transporte que é, muitas vezes, muito mais rápido do que os carros que entopem literalmente as ruas da capital.
Udom viu na zona uma óptima oportunidade de negócio. O seu nome, Patponsiri, foi ligeiramente alterado para o mais suave Patpong e o mito cresceu. Udom foi utilizando os seus contactos internacionais para trazer os estrangeiros até lá, em busca de uma Banguecoque diferente. Udom tinha também uma história militar curiosa e que talvez explique porque um dia os soldados norte-americanos viram ali o sítio perfeito para «repousarem» durante a guerra do Vietname. Tinha sido membro da OSS, a organização que iria dar, depois da II Guerra Mundial, origem à CIA. Durante a guerra da Indochina, Udom viu um belo mercado para a sua zona. Enquanto a guerra se espalhava no Vietname, no Camboja e no Laos, a primeira experiência começava a dar frutos: em 1969, uma casa de chá foi transformada em clube nocturno para agradar aos soldados americanos que combatiam nos países vizinhos e procuravam repouso. Rapidamente o negócio cresceu. Os americanos tinham sete bases militares à volta da Tailândia. Os GI’s procuravam entretenimento e Patpong tornou-se no destino favorito para o então conhecido R & R (Rest and Recreation – Descanso e Divertimento). O fim da guerra, em 1975, fez com que a verdadeira «ponte aérea» entre os países limítrofes da Tailândia e Patpong desaparecesse. Hoje os soldados americanos foram substituídos pelos turistas que ali encontram uma oferta inimaginável de sugestões sexuais.
Afinal, os norte-americanos saíram, mas a infra estrutura de oferta sexual manteve-se. Banguecoque e Pattaya passaram a ser os principais destinos. O turismo sexual tornou-se num chamariz perfeito. Fala-se hoje em dois milhões de turistas masculinos que, por ano, procuram as mulheres tailandesas como fonte de prazer.
É do norte da Tailândia que vêm a maior parte das mulheres que «trabalham» nesta actividade. Muitas delas em busca de melhores condições de vida. As leis antiprostituição têm contido a expansão da oferta, mas um outro problema nos últimos anos alertou as autoridades: a Sida cresceu vertiginosamente neste núcleo de risco. As autoridades falam em cerca de 270 mil mortes, desde 1985. Mas, apesar desse perigo, o negócio continua, lucrativo como antes.
Patpong é um pequeno mundo. As ruas de Patpong 1 e 2 são cruzadas por pequenos «Sois», verdadeiras ruelas, onde os «go-go bars» se acotovelam, ao lado de restaurantes que chamam todo o tipo de clientes. Para o turista desejoso de fruto proibido, a tentação cresce com a oferta sexual disponível. Nos bares térreos a oferta é conservadora, com raparigas a dançar em biquíni. Nos bares dos andares mais altos, os shows são mais provocantes e as raparigas também. Na zona tem crescido também a oferta para a comunidade gay. Bares como The Balcony, o DJ Station ou o The Icon têm uma vasta clientela masculina.
Fora de Banguecoque há também muita oferta. Pattaya, um dos mais importantes destinos turísticos do país, é outro dos locais preferidos para uma aventura amorosa. As águas límpidas e o cenário paradisíaco parecem ser os ideais para a paixão. Mas há outras atracções para quem quer umas férias de sonho (Veja Guia de Viagem). Phuket ou Ko Samui fazem parte da lista de locais a visitar, para quem não vá unicamente em busca da paz de espírito, do descanso, da água, da boa comida e das águas quentes da Tailândia. N
Nome Oficial: Prathet Thai
Capital: Banguecoque (Krung Thep)
Festa Nacional: 5 de Dezembro (nascimento do Rei)
Idioma: Tai (oficial). Fala-se também inglês
Religião: budismo (94%); os muçulmanos, concentrados no Sul, são cerca de 4%. Há ainda uma minoria cristã.
Informações: Le Concorde Building, 202 Ratchadaphisek road, Huai Khwang, Banguecoque, telefone: 694 1222. Tourist Service Line: 1155
Moeda: Baht (1 Euro ( 6,55957) = 39,0296 Bht)
Vacinas: Não são necessárias. Convém levar repelentes para os mosquitos, veículo privilegiado da malária.
Diferença horária: 7 horas
Clima: temperatura média 28º
Verão - Março a Maio
Estação intermédia (alterna chuva tropical com sol) – Junho a Setembro
Estação mais "fresca" - Outubro a Fevereiro
Esta região tem a oeste a cadeia de montanhas da Birmânia e, a este, a planície de I-San. A norte, a planície estende-se até Nakhon Sawan, onde os quatro rios Ping, Wang, Nan e Yom se juntam para formar o “rio dos reis”, Chao Phraya, que desagua no golfo da Tailândia. A planície central é rica em locais históricos: Nakhon Pathom, Kanchanaburi, Banguecoque, etc.
Rodeado por Myanmar e pelo Laos, o norte tem montanhas cobertas de florestas que alternam com vales verdejantes. Denominado Triângulo Dourado, é o ponto de convergência de três países: Tailândia, Laos e Myanmar, que banha o Mékong.
As paisagens sumptuosas, as intrigantes tribos da montanha, as florestas onde o elefante é ainda meio de transporte, as festas coloridas e as cidades antigas marcadas pelas influências birmânicas são bons cartões de visita. Há mil razões para seguir a estrada do norte: Sukhothai, Phitsanulok, Chiang Mai, Lampang, Mae Hong Son, etc.
Nordeste
Baptizada pelos tailandeses com o nome I-San, esta é uma região original, cheia de riquezas naturais, artesanato de qualidade e uma população hospitaleira. A cozinha distingue-se das restantes regiões por ser muito condimentada. A sua história remonta a 5600 anos, e os Khmers deixaram vestígios fantásticos. Destaque para o Parque Nacional de Khao Yai, Nakhon Ratchasima, Khon Kaen e Loei.
A partir do estuário de Chao Praya, a costa Este do Golfo de Sião não é mais do que uma sucessão de praias e de baías até à fronteira do Camboja. Trata-se da ribeira siamesa, popularizada pela estação balneária de Pattaya.
Longas praias rodeadas de coqueiros, ilhas de sonho com recifes de corais coloridos e pitorescas vilas de pescadores caracterizam esta região. Região essa que se estende até à fronteira da Malásia e tem a forma de uma península, banhada, a este, pelo golfo da Tailândia e, a oeste, pelo oceano indiano.
Locais de interesse: Chumphon, Ranong, Surat Thani, Baía de Phang Nga, Pattani, Hat Yai.
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