Ironia do destino, os Black Eyed Peas tocam na próxima quinta-feira no Pavilhão Atlântico, estrutura inaugurada no ano em que lançavam o primeiro disco, ‘Behind the Front’.
E se aquele palco cedo se deu a conhecer ao mundo, muito por culpa da Expo 98, eles tiveram de lutar mais para se tornarem grandes, encontrarem o seu espaço no sempre difícil terreno do hip-hop norte-americano.
Por essa mesma altura a banda de Los Angeles contava já três anos de existência, marcada pela fuga aos lugares comuns de tantas outras do estilo sacado ao gueto. Quando quase todos os MCs apostavam no papel de mauzões da fita e se deliciavam com a rivalidade entre Costa Oeste e Este dos Estados Unidos, pautada por ofensas e tiros à mistura, tráfico de droga e crime semi-organizado, os Black Eyed Peas trilhavam o caminho pela positiva.
Ao trio formado por Taboo (Jaime Gomez), Will I Am (William Adams) e Apl De Ap (Allan Pineda) não interessava encarnarem a figura de gangsters do gueto, sempre prontos para a pancadaria, mas a vertente engraçada e inocente do hip-hop, com doses de consciência social, rimas e batidas inspiradas e muita dança à mistura.
A aclamação por parte da crítica foi imediata, mas durante algum tempo o grupo manteve-se com os pés assentes na terra, fenómeno local que fazia as delícias de quem o via nos clubes da cidade dos anjos. Editado no ano 2000, ‘Bridgind the Gap’ voltava à fórmula inicial e contava com colaborações de peso, casos de Macy Gray, Jurassic 5 e os ‘gigantes’ De La Soul. Não havia como escapar, o trio rompia a fronteira estadual, primeiro, e do país, depois, para se afirmar em definitivo no panorama internacional enquanto referência da comunidade negra.
A consagração definitiva apareceu três anos mais tarde, quando Stacy Ferguson saltou para a primeira linha e deu um toque feminino à banda, que até então contava com a presença de outra mulher, Kim Hill nos concertos. Era pouco, muito pouco, para quem queria dar outra vida ao colectivo. Fã dos Black Eyed Peas, a menina-mulher de ar matador que todos conhecem pelo diminutivo Fergie estava habituada a ver as actuações da banda e sentiu-se em casa desde o primeiro instante em que saltou da plateia para o palco.
A beleza também ajudou. Com o corpo torneado, os olhos verdes capazes de parar o trânsito e uma energia contagiante – provada pela capacidade de dançar durante horas a fio –, depressa se tornou no centro de todas as atenções. Perseguida pelas revistas masculinas, algumas das quais conseguiram arrastá-la para a capa, a cantora catapultou os BEP para um patamar ainda mais elevado ao transformar-se num protótipo do sonho tornado realidade, a estrela descoberta quase ao acaso em que todas as adolescentes gostavam de se tornar.
Mas a realidade nem sempre é tão cor-de-rosa como os sonhos, e a vocalista passou por alguns dissabores por causa das tais publicações: “É estranho porque já acabei na capa de uma revista com uma imagem que não tinha aprovado. As fotos foram compradas a um fotógrafo externo, pelo que não estava à espera daquele tipo de edição para ser a minha primeira capa na América. As pessoas acabaram por ligar-me a algo que não tem nada a ver comigo. Tenho um estilo muito casual na maior parte do tempo.”
O incidente pouco saudável faz parte do passado, mas a conotação ultra-sensual das imagens ficou na retina de quem passou os olhos pelo artigo. Há mesmo quem diga que as formas voluptuosas e tonificadas de Fergie estiveram na origem do tema ‘My Humps’, incluído no álbum ‘Monkey Business’.
Em entrevista ao jornal canadiano ‘Sun’, ela desmente categoricamente que tal seja verdade: “Não, não, não, isso é uma personagem. É só uma canção engraçada sobre determinada situação. Vai ser mesmo muito giro interpretá-la ao vivo.” Especialista em fugir a perguntas complicadas, que a possam embaraçar ou fazer corar de vergonha, a cantora afirma-se mais inteligente do que muita gente pensa, daí ser sempre uma surpresa vê-la tão diferente durante os espectáculos.
Em declarações ao mesmo jornal, Fergie explica que chega a censurar-se para evitar passar a imagem de menina bonita e pouco mais: “Quando as pessoas vêm ao nosso concerto e não esperam ver grande inteligência isso até acaba por ser saudável, porque assim acabamos por surpreendê-las com algo que não estavam à espera. Várias vezes tento vestir-me de forma nada sensual, ou faço um esforço para que isso não aconteça, porque para mim é importante que saibam que sou uma artista e não apenas uma espécie de troféu masculino.” A confirmar já no próximo dia 8, no mesmo recinto onde ainda há pouco tempo estiveram presentes para receberem o prémio da MTV de ‘Melhor Artista Pop 2005’. Com os Flipsyde na primeira parte.
QUATRO PASSOS PARA A FAMA
'BEHIND THE FRONT'
O álbum de estreia, ainda em trio, com a aposta em várias sonoridades, do hip-hop ao funk e ao R & B, sempre muito positivo.
'BRIDGING THE GAP'
O trabalho de continuidade, com a grande valia de contar com a presença de nomes incontornáveis da música negra actual.
'ELEPHUNK'
O grande passo rumo ao sucesso fora dos Estados Unidos, já em quarteto, com Fergie a mostrar todo o seu talento e irreverência.
‘MONKEY BUSINESS’
A consagração como uma das grandes bandas de hip-hop/pop da actualidade, numa viagem com paragem nos ritmos latinos.
BLACK EYED PEAS
Género: hip-hop/pop.
Data: 08/12/05.
Local: Pavilhão Atlântico, Lisboa.
Primeira parte: Flypside.
Início: 20h00.
Bilhetes: 24 a 34 euros.
É fã de hip-hop e está fisicamente preparado(a) para dançar pelo menos uma hora e meia.
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