Andamos a comer aquilo que a política consente
Houve quem glorificasse os franceses por eles terem feito as duas maiores coisas da humanidade: a igualdade civil e a… boa mesa. Entre os prazeres, o da comida é um dos poucos que, desfrutado com equilíbrio e moderação, não provoca cansaço.
Há quem vá a um restaurante apenas com o objectivo de se alimentar ou para ver as modas ou para usufruir da estética do espaço. Ou ainda para falar de negócios e cortar na casaca do vizinho. Não vou dizer que nunca tenha cometido o pecado de estar à mesa bem distante do princípio pelo qual normalmente vou: degustar a comida.
Baudelaire achava que todo o homem com saúde pode estar dois dias sem comer – sem poesia, não. Mas eu não sou poeta, apesar de não fechar os olhos às misérias da sociedade. Será isso poesia? Não sei. Sei que não consigo passar dois dias sem degustar. E de gostar mesmo.
A vida nem sempre permite que estejamos à mesa para desfrutar dos prazeres que nos podem ser servidos. Engolir os alimentos à pressa é um exercício de quatro patas. Patas não me fazem lembrar arroz de pato no forno nem pezinhos de coentrada mas o célebre presunto ‘pata negra’. Cortado ao momento, muito fininho, é um manjar dos deuses, mas, por amor de Deus, isso não vale a anexação pela Espanha, cujo país tem uma diversidade gastronómica proporcional à sua extensão e demarcação provincial.
Aprendi nas leituras de Miguel Torga que um homem, se for natural, tanto pode estar rodeado de luxos ou numa tasca. É uma questão de maneiras. Num e noutro lugares só basta ‘ser natural’.
Vou então a um restaurante para comer. Se a comida não for boa, não vou. A comida pode ser muito boa, o local muito aprazível e bem decorado, porventura com um requinte e/ou uma vista soberbos, mas se não estiver bem sentado, numa mesa pequena, na proximidade de alguém que nos ouve e é ouvido ou no meio de uma sala, a refeição já não é a mesma coisa. Já para não falar do condimento indispensável: a companhia. Não me basta a companhia do Tejo.
Ainda se come bem em Portugal. Mas paga-se muito caro para comer bem. E há muita gente que nem sabe o que é comer bem porque não pode. Um peixe de aquicultura é, para muitas famílias, uma lauta refeição, e isso nunca esqueço. Mas não quero esquecer, também, porque o Mundo está a acabar, as delícias trazidas pelo mar e capturadas ‘ad hoc’ pelo monstro-homem.
As mulheres podem ser boas com’ó milho. Será que elas, ‘transgenicadas’, perdem o sabor? Acho que não. E por isso não merecem ser invadidas na sua privacidade. Apenas na sua formosura. Tão sensual como o exercício de degustar. E de gostar.
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