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Novo jogo suicida anda à solta na internet

Malicioso como a ‘Baleia Azul’, é conhecido por ‘MOMO’ e desafia crianças e jovens a fazerem coisas perigosas.
Vanessa Fidalgo 12 de Agosto de 2018 às 00:30
Momo é um personagem online utilizado para assustar jovens e famílias
Momo é um personagem online utilizado para assustar jovens e famílias
Momo é um personagem online utilizado para assustar jovens e famílias
Momo é um personagem online utilizado para assustar jovens e famílias
Momo é um personagem online utilizado para assustar jovens e famílias
Momo é um personagem online utilizado para assustar jovens e famílias
Chama-se ‘Momo’ e não deverá ainda ter chegado a Portugal, mas já está a deixar pais e encarregados de educação em alerta máximo. Muito semelhante ao jogo ‘Baleia Azul’, que provocou dezenas de suicídios de jovens em vários países, ‘Momo’ é um desafio que anda pelas redes sociais, especialmente WhatsApp e Minecraft, e lança ameaças e incitamentos contra a integridade psicológica e física dos mais novos.

Na Argentina, ‘Momo’ poderá mesmo ter feito uma vítima: uma menina de 12 anos que, alegadamente, cometeu suicídio depois de interagir com o jogo, ou melhor, com quem está por trás dele.

Segundo as notícias, o esquema geralmente começa quando um jovem contacta ou é contactado por um perfil que se faz passar por Momo, o personagem acima referido. "Uma vez feito o contacto, o personagem ameaça aparecer à noite e amaldiçoar quem não responder às suas mensagens", explica Tito de Morais, fundador do site miudossegurosna.net, um projeto que ajuda a promover a segurança online de crianças. Os utilizadores que interagem com este perfil são alvo de mensagens e imagens violentas e, tal como acontecia com a ‘Baleia Azul’, recebem ‘objetivos’ e mensagens coercivas para seguirem as instruções. Os utilizadores que não obedecem às ‘ordens’ podem ser alvo de manipulação, recebendo mensagens que ameaçam partilhar fotos, vídeos e outros dados pessoais, geralmente obtidos através de ‘doxxing’ (pesquisa virtual e transmissão de informações pessoais), ou ameaçando magoar amigos ou familiares próximos. "Segundo algumas notícias, essas mensagens visam levar o utilizador a suicidar- -se", sublinha Tito de Morais.

Os pais devem estar atentos e dar ferramentas aos filhos para lidarem com as ameaças. "Tenham uma conversa franca e aberta com os vossos filhos. Como se costuma dizer, ‘a curiosidade matou o gato’. Assim, para estes casos, o conselho que dou é não procurar e não adicionar o Momo se este nos procurar. Se formos contactados, aconselho bloquear e denunciar esse contacto. Importa que os jovens saibam como se pode bloquear e denunciar utilizadores abusivos nas plataformas que usamos", diz o especialista.

As autoridades ligadas ao crime informático estão a dar especial atenção ao caso. Tal como já acontecia com a ‘Baleia Azul’ e como geralmente acontece com os crimes praticados pela Internet, estes não conhecem fronteiras, pelo que exigem a cooperação internacional das polícias. "No entanto, poderá haver operadores a criar e a manipular perfis a partir de Portugal e a estes as autoridades nacionais poderão chegar mais facilmente", diz Tito de Morais.

A PSP já reagiu e lançou um alerta: "Estas ameaças levam à extorsão de informação pessoal, incitam ao suicídio e a atos arriscados. Trata-se de um isco utilizado por criminosos para manipular as vítimas, roubar dados e extorquir."

Por seu turno, a psicóloga Patrícia Palma afirma que os mais jovens muitas vezes não têm maturidade para compreender o "caráter desleal e criminoso" das interações através das redes sociais. "São jovens e crédulos, como sempre foram noutras gerações. Por isso são um alvo fácil para conteúdos maliciosos. Uma vez enredados numa ameaça, também é mais difícil distanciarem-se, porque acreditam que é real e que aquela pessoa pode mesmo entrar-lhes pela casa adentro e fazer-lhes mal. Mas é mentira: o jogo quer é levar a que eles façam mal a si próprios. É óbvio para um adulto, mas não para eles", explica a especialista em comportamento.

Hoje em dia, todos os jovens estão igualmente expostos a estes novos perigos, mas alguns podem ser mais vulneráveis: "Os mais solitários e fechados, que não costumam partilhar muito com a família e até com os próprios amigos. O silêncio das vítimas é sempre uma das armas dos criminosos. E quanto mais horas passadas frente ao ecrã, mais riscos correm", alerta Patrícia Palma.

No site miudossegurosna.net, Tito de Morais explica ainda que "qualquer software de filtragem, bloqueio e monitorização pode ser facilmente ultrapassado. Até porque quando o acesso é filtrado em casa, os jovens passam a aceder a partir de outros locais onde tal não acontece! Existem sites que ensinam as crianças a incapacitar este tipo de programas. Por outro lado, além de, por vezes, bloquearem conteúdos inócuos e de, por vezes também, não bloquearem o que era suposto bloquearem, estas tecnologias podem ser particularmente intrusivas da privacidade - e isso pode ser um problema no caso dos adolescentes. Assim, em vez de resolverem um problema fornecendo uma solução, podem tornar-se parte do problema", avisa.

Ainda não há nenhum caso em Portugal

Tito de Morais garante que ainda não surgiu nenhum caso credível mas, em termos preventivos, "é um bom pretexto para suscitar o diálogo entre pais e filhos numa perspetiva calma e informada".

Tito de Morais é especialista em segurança infantil na internet

Denunciar e não aceitar o desafio

A PSP recomenda aos mais novos que, caso recebam "mensagens associadas ao desafio", denunciem a situação. A PSP lembra que é fundamental não ceder "qualquer dado pessoal".

PSP reforçou conselhos aos pais

"Os pais devem educar no sentido da responsabilidade digital: ensinar a proteger dados e passwords e a nunca adicionar contactos desconhecidos", alerta a PSP.
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