Angola deixa cair aval ao BESA

"Cumpra-se." Foi nestes termos que José Eduardo dos Santos assinou em dezembro o despacho presidencial em que assumia os créditos concedidos pelo BES Angola (BESA), num total de 5,7 mil milhões de dólares (4,3 mil milhões de euros). Agora, volta atrás e revoga a garantia prestada às dívidas da instituição. O BES em Portugal fica comprometido em três mil milhões.

A decisão foi ontem anunciada pelo governador do Banco Nacional de Angola (BNA), José de Lima Massano, que justificou a mudança de posição com o facto de o banco estar a ser sujeito a "medidas de saneamento extraordinário". O CM já tinha avançado no final de julho que o presidente angolano, José Eduardo dos Santos, tinha dado conhecimento aos mais altos responsáveis do Governo português da intenção de não acionar a garantia dada ao BESA.

Segundo o governador do Banco Nacional de Angola, "com o conjunto de medidas de saneamento extraordinário, o BNA vai desonerar a instituição do cumprimento de algumas normas de prudência". "Portanto, por essa via não se justifica mais a existência da dita garantia soberana", adiantou. O BNA ordenou também a nomeação de administradores provisórios, que deverão manter-se no BESA pelo prazo de um ano. José de Lima Massano acrescentou que "as medidas extraordinárias de saneamento" do BESA foram acionadas porque até agora não se obtiveram "respostas inequívocas dos acionistas" daquele banco "sobre a possibilidade e termos de realização do aumento de capitais [com fundos] próprios". Os novos gestores irão fazer uma "avaliação detalhada da totalidade da carteira de crédito", que, segundo o BNA, sofreu uma degradação que afetou os níveis de liquidez da instituição.