Bens da Air Luxor desapareceram

Os bens da Air Luxor “desapareceram pura e simplesmente”. A afirmação foi feita ontem por Fernando Bordeiro Costa, administrador de insolvência, durante a assembleia de credores da companhia aérea – que reclamam cerca de 86 milhões de dívidas.<BR>Mesmo assim Bordeiro Costa admite ter conseguido localizar e apreender alguns activos da Air Luxor e que aguarda pela oportunidade de fazer ainda mais apreensões.

05 de janeiro de 2008 às 00:00
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Os credores, reunidos no Tribunal do Comércio de Lisboa, decidiram-se pelo encerramento da Air Luxor e liquidação dos activos que vierem a ser encontrados e apreendidos, depois de o administrador ter admitido que a empresa não era “recuperável no actual quadro económico.”

Apesar de grande parte do património ter desaparecido, tanto os credores como o administrador acreditam que a satisfação das dívidas passa pela indemnização que a Air Luxor exigiu ao Estado. Em causa estão reembolsos de IVA e subsídios em falta pela rota do Funchal. O Estado já foi condenado a pagar, mas o tribunal ainda não fixou o valor. Perante este facto um dos credores acredita que se está perante um “saco sem fundo” e que não haverá solução, pelo menos num futuro próximo.

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A Air Luxor foi criada em 1988 pela família Mirpuri. Desde 2005, altura em que foi pedida a falência, os credores e processos de execução de dívida têm aumentado. Em 2006 foi vendida ao fundo de investimento Longstock Financial.

86 MILHÕES DE EUROS EM DÍVIDA

O CM teve acesso a uma lista das dívidas da Air Luxor. Os bancos portugueses e as empresas ligadas à aeronáutica são os que mais têm a cobrar dos 86 milhões de euros exigidos pela comissão de credores.

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Em Dezembro foi apreendido no aeroporto de Lisboa um avião Falcon 20 no valor de 500 mil euros, cuja propriedade é reivindicada por outra empresa, e mais quatro mil euros em bens. Os antigos trabalhadores referiram ainda a existência de alguns activos da empresa e apontaram os locais para onde foram deslocados. Quanto ao património desaparecido, os credores afirmam que Paulo Mirpuri “é o fiel depositário, pelo que demos um prazo para os bens aparecerem. Caso contrário haverá consequências legais”.

A QUEDA DE PAULO MIRPURI

Paulo Mirpuri, 40 anos, o sexto de sete irmãos, filhos de um empresário nascido no Norte da Índia (hoje Paquistão) e de uma portuguesa nascida em Luanda, quis desafiar o poderio da TAP e em 1988 fundou a companhia de aviação Air Luxor, que chegou a operar com 24 rotas regulares. Com o brevet de piloto de longo curso, Paulo Mirpuri começou a ver o sonho desmoronar-se quando, em 2001, o Estado afastou a Air Luxor do concurso para a rota dos Açores. “Uma ilegalidade”, de acordo com o presidente da companhia. Desde essa altura os passageiros transportados não param de descer e as dívidas não pagas disparam. Começam os despedimentos de pessoal, a penhora de aviões e a falência. Em 2005 desapareceu a Air Luxor e nasceu a Hi Fly.

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CREDORES DA AIR LUXOR

Annett Worldwide Aviation UK – 25 000 000 euros

Novabase – 7 357 776 euros

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Aeroporto de Paris – 6 192 417 euros

BCP – 6 182 336 euros

Ministério Público (impostos em atraso) – 5 535 230 euros

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LuzAir – 4 880 162 euros

BES – 4 242 188 euros

Instituto Segurança Social – 4 010 992 euros

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Castle – 3 471 261 euros

BESLeasing - 2 628 292 euros

Sabena – 2 324 592 euros

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CFM International – 1 805 170 euros

BPN – 626 246 euros

Petrogal – 532 709 euros

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HiFly – 493 494 euros

Pedro Jorge Reis (antigo administrador) – 464 904 euros

ANA Aeroportos – 200 000 euros

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Alitalia – 140 055 euros

Lufthansa – 95 748 euros

CTT – 47 288 euros

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