Cavaco ataca Sócrates e critica selfies de Marcelo

Ex-chefe de Estado sublinha "recusa da política-espetáculo, tão cara a muitos políticos por proporcionar notícias e fotografias".

12 de fevereiro de 2017 às 01:30
Cavaco Silva, Marcelo Rebelo de Sousa, Sócrates. Foto: LUSA
Cavaco Silva, Marcelo Rebelo de Sousa, Sócrates. Foto: Nuno Fox / Lusa

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O último Presidente da República usa a primeira obra de memórias sobre o tempo em que ocupou o Palácio de Belém– de 2006 a 2016 – para deixar uma crítica velada ao sucessor. Cavaco Silva, que saiu de cena com baixos níveis de popularidade, explica o divórcio com os media e frisa a "recusa da política-espetáculo" para justificar a fraca adesão dos portugueses à sua mensagem, rejeitando o estilo protagonizado por Marcelo Rebelo de Sousa.

"Teria sido um Presidente da República diferente se não tivesse chegado à mais alta magistratura do Estado saturado do palco mediático", afirma Cavaco Silva num capítulo do livro ‘Quinta-feira e Outros Dias’, pré-publicado pelo ‘Expresso’, que será lançado na quinta-feira.

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O também ex-primeiro-ministro explica que quando chegou a Belém "tinham sido 25 anos de forte exposição", o que explica o "distanciamento relativamente à comunicação social, a reserva da Presidência da República nas relações com a imprensa e a minha recusa da política-espetáculo, tão cara a muitos políticos por proporcionar notícias e fotografias, mas que, em minha opinião, não traz qualquer benefício ao País", elenca Cavaco. É aqui nítido o antagonismo face a Marcelo, que surge nas redes sociais com frequência a tirar selfies. Numa farpa ao passado do sucessor como comentador, Cavaco frisa que "um Presidente não se deve condicionar pela agenda mediática".

Já sobre o apoio dado ao Governo PSD/CDS, Cavaco garante estar satisfeito por ter contribuído "para que, pela primeira vez em Portugal, um governo de coligação partidária completasse o seu legítimo mandato". "Da resistência que demonstrei perante as pressões mediáticas, os histerismos ruidosos e os interesses meramente partidários para que interrompesse a legislatura de 2011-2015, dissolvendo a Assembleia da República, retirei conforto pessoal."

"Passei a desconfiar das ‘boas notícias’ de José Sócrates"

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Há um capítulo no livro no qual Cavaco Silva relata as reuniões de quinta-feira com os primeiros-ministros. Sobre os encontros com José Sócrates, o ex-presidente diz que o governante se apresentava sempre "preparado para as reuniões". "Nos primeiros anos, foram muitas as vezes em que começou por me afirmar: Hoje tenho boas notícias", relata Cavaco, relembrando os números sobre a execução, investimento e exportações que Sócrates citava. "Frequentemente, as palavras não se conformavam à realidade dos factos e passei a olhar desconfiado para as 'boas notícias'."

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