Créditos ruinosos castigam Novo Banco
Ficou com 44 créditos problemáticos de “amigos” da família Espírito Santo no valor de 4,250 mil milhões de euros.
O presidente do Novo Banco, António Ramalho, afirmou esta quinta-feira no Parlamento que as perdas da instituição que lidera resultam dos créditos tóxicos herdados do BES, uma vez que, segundo adiantou, a resolução de agosto de 2014 separou a família Espírito Santo do banco bom, mas não separou "os amigos".
Em causa estão 44 créditos problemáticos, de montante superior a 4,250 mil milhões de euros, dos quais Ramalho assegura terem já sido recuperados 1,5 mil milhões de euros.
Durante uma audição na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, e depois de confrontado por João Paulo Correia, deputado do PS, sobre se as imparidades do Novo Banco diziam respeito a créditos do BES ou a operações posteriores, António Ramalho esclareceu: "[Com a resolução] foi separada a ‘family’ (família), mas não se separou ‘family and friends’ (família e amigos).
Contudo, apesar dessa "herança pesada" dos amigos, expressa nos 44 créditos mais mediáticos, cujo valor ascende a 4,250 mil milhões de euros, o presidente do Novo Banco referiu ainda que já foram recuperados 500 milhões em ativos e imóveis e mil milhões em dinheiro.
Na audição de ontem foi entretanto anunciado que o PSD irá propor uma auditoria independente ao período pós-resolução, para perceber, segundo o deputado social-democrata António Leitão Amaro, "o que aconteceu desde que não há avaliação".
O PSD segue, assim, a posição já defendida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. O Governo quer também uma auditoria, mas à concessão dos créditos problemáticos no tempo do BES.
"Estou desejoso de uma auditoria que esclareça de forma clara o que se passa do ponto de vista da organização e gestão do banco", respondeu Ramalho a Leitão Amaro.
Mas avisou: "Espero que a auditoria do presente não sirva para branquear o passado".
Administração recusou bónus automáticos
António Ramalho revelou o seu salário. "Ganho 25 759 euros brutos, o que dá cerca de 11 mil euros líquidos. Este ano toda a administração recusou receber os bónus, que eram de atribuição automática, e que estavam indexados à diminuição das imparidades", afirmou, acrescentando que o banco tem neste momento 44 366 ações executivas colocadas em Tribunal para recuperar os créditos em falta.
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