Guerra leva a revisão em baixa na economia portuguesa

Consequências “gravosas” da guerra na Ucrânia já estão a baralhar previsões nacionais. Reformas no âmbito do PRR têm de avançar.

18 de março de 2022 às 08:38
António Costa, João Leão Foto: JOSE SENA GOULAO / POOL
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O Conselho de Finanças Públicas reviu em baixa as projeções para o crescimento económico para este ano, passando de 5,1% para 4,8%, e antecipa uma inflação de 3,9%. São já, segundo a instituição liderada por Nazaré Costa Cabral, as “gravosas consequências económicas” da guerra na Ucrânia.

“A projeção macroeconómica aponta para um abrandamento do ritmo de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) real para 4,8% em 2022 e para 2,8% em 2023”, afirma a presidente do CFP, num vídeo sobre as ‘Perspetivas económicas e orçamentais 2022-2026’, divulgadas esta quinta-feira.

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A escala da guerra na Ucrânia - cujos efeitos já se fazem sentir - e a execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) podem comprometer o ritmo de crescimento previsto, segundo a presidente do CFP, que alerta para a necessidade do PRR avançar. “Uma subexecução deste plano pode comprometer o seu efeito sobre o crescimento económico incluindo sobre o potencial crescimento da economia portuguesa”. Por outro lado, o não cumprimento atempado das reformas estruturais a que este obriga pode atrasar a chegada dos fundos à economia, acrescenta.

A necessidade de um reforço do financiamento à TAP ou ao Novobanco e até a evolução pandémica são outros dos riscos identificados pelo CFP.

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No mercado de trabalho, o CFP antecipa uma redução gradual da criação de emprego, para 1,1% em 2022 e 0,3% em 2023, devendo a taxa de desemprego acompanhar esta trajetória, diminuindo para 6,4% em 2022 e 6,1% em 2023.

Relativamente ao défice, a estimativa para 2022 é a de 1,6% do PIB, refletindo a reversão da quase totalidade das medidas de política orçamental de resposta ao Covid-19 adotadas em 2021 e estimadas em 2% do PIB, a par de um abrandamento do crescimento económico.

O rácio da dívida deverá reduzir-se ao longo de todo o horizonte de projeção, atingindo 102,7% do PIB em 2026.

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Inflação beneficia

O Conselho de Finanças Públicas admite que a inflação possa vir “a beneficiar as contas públicas no muito curto prazo”, sobretudo este ano.

Sobem contribuições

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O CFP destaca como positivo o crescimento das contribuições sociais superior ao das remunerações e uma maior elasticidade da receita fiscal face às bases de incidência.A Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) quer um novo modelo do processo orçamental em duas etapas, que inclua a negociação de medidas de política entre o Governo e os partidos políticos até à primavera, antes da entrega do Orçamento do Estado em outubro. No relatório entregue esta quinta-feira no Parlamento, aquele organismo alerta para o facto de o Ministério das Finanças ter uma prática "defensiva" face aos contributos dados pelas forças partidárias para as alterações governamentais.

Orçamento deve ser negociado na primavera

A Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) quer um novo modelo do processo orçamental em duas etapas, que inclua a negociação de medidas de política entre o Governo e os partidos políticos até à primavera, antes da entrega do Orçamento do Estado em outubro. No relatório entregue esta quinta-feira no Parlamento, aquele organismo alerta para o facto de o Ministério das Finanças ter uma prática "defensiva" face aos contributos dados pelas forças partidárias para as alterações governamentais.

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