Identificados 28 portugueses com offshores nas Bahamas
'Bahamas Leaks' é o nome da nova fuga de informação sobre contas offshore.
Depois dos Panama Leaks, surge agora uma nova fuga de informação sobre contas offshore: os Bahama Leaks.
Segundo avança o Expresso, parceiro do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, foram identificados 28 portugueses e 22 estrangeiros residentes em Portugal com contas offshore nas Bahamas.
A fuga de informação, obtida pelo jornal alemão Süddeutsche Zeitung, diz respeito a empresas registadas neste país entre 1990 e 2016.
Ao todo, estão em causa 1,3 milhões de ficheiros, correspondentes a 176 mil empresas, onde também se incluem os nomes de 25 mil administradores e funcionários.
O Expresso adianta ainda que os nomes dos portugueses identificados correspondem a 38 empresas, não existindo nomes de políticos portugueses na lista.
Ou seja, neste caso, dos Documentos das Bahamas, e ao contrário do ocorrido com os designados Documentos do Panamá, "o acervo não inclui e-mails ou contratos relacionados com essas companhias ou quem são os seus (destas empresas) beneficiários últimos", ressalvou o autor do artigo, Micael Pereira, que avançou ainda que "os 29 portugueses identificados pelo Expresso e pela TVI surgem como administradores em 38 empresas".
Sem políticos no conjunto, os nomes mais conhecidos serão os de Micael Gulbenkian, sobrinho-neto do fundador da Fundação Calouste Gulbenkian, Pedro Morais Leitão, ex-presidente da ONI e atual administrador da Oi, e dois dirigentes do Banif, Joaquim Marques dos Santos, presidente entre 2010 e 2012, e Carlos Duarte de Almeida, que foi o seu presidente-executivo neste período.
Entre os nomes revelados estão também o da ex-vice-presidente da Comissão Europeia e ex-comissária para a Concorrência (2004-2010) e Agenda digital (2010-2014), a holandesa Neelie Kroes, que administrou uma sociedade offshore entre 2000 e 2009, sem o comunicar em Bruxelas.
Kroes agora é uma consultora paga pelo Bank of America e pela Uber.
A ministra do Interior britânica, Amber Rudd, por seu lado, foi identificada, pelo diário The Guardian, como tendo sido diretora de duas empresas, baseadas nas Bahamas, durante a sua carreira no mundo dos negócios, antes de enveredar pela política, Advanced Asset Allocation Fund and Advanced Asset Allocation Management, entre 1998 e 2000.
O Reino Unido tem sido um dos muitos países que anunciaram querer reduzir o uso destes designados paraísos fiscais, pelo que estas revelações que indicam que um dos principais ministros beneficiou de um regime que não taxa rendimentos individuais ou coletivos podem levantar questões desconfortáveis para o governo britânico.
A organização não-governamental Tax Justice Network (Rede para a Justiça Fiscal) comentou, a propósito, que a libertação desta informação revela que as Bahamas são "uma ameaça global" para o sistema fiscal internacional.
"Para muitos de nós que estudam os paraísos fiscais, era apenas uma questão de tempo até que um grande escândalo atingisse as Bahamas", disse um dos membros do grupo, Moran Harari.
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