Novo Banco pode custar 10 mil milhões
Líder da associação da banca diz que exposição dos bancos representa percentagem elevada do PIB.
O Novo Banco pode vir a custar à banca perto de dez mil milhões de euros. Quem o diz é Faria de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Bancos. " A exposição ao Fundo de Resolução por parte de outros bancos é de quase dez mil milhões de euros. Isto é um peso importante, representa uma percentagem elevadíssima do PIB (Produto Interno Bruto)", afirmou em entrevista ao ‘Jornal de Negócios’ e à Antena 1.
A operação de venda do banco, que resultou da cisão do BES em duas instituições – o banco mau e o banco bom – deve ficar concluída até ao final do ano. O Novo Banco ficará nas mãos do fundo norte-americano Lone Star, num processo que envolve o Fundo de Resolução criado para garantir a liquidez do banco.
Mas Faria de Oliveira gostaria de ter mais informações. "Aliás, é uma das reclamações que o sistema [bancário] tem feito: sermos pouco postos ao corrente do que vai acontecendo", lembrou o responsável máximo da associação de bancos. Faria de Oliveira reconhece que a venda do Novo Banco ao fundo Lone Star é um mal menor. "A nacionalização não me parece ser possível, a liquidação seria completamente indesejável, e encontrar um novo comprador requereria todo um novo processo negocial com as autoridades europeias, que não sei se estariam disponíveis para isso", sublinhou o também antigo presidente da Caixa.
Para o responsável, a consolidação do setor está em curso mas "tão cedo não vai ser possível distribuir dividendos". Seguramente não será em 2017 porque os bancos "têm enormes desafios", concluiu.
Despedimentos com evolução da banca
O futuro da banca pode custar mais despedimentos e Faria de Oliveira explica porquê. "Estamos a caminhar para uma nova banca. Os bancos estão naturalmente atentos a toda esta evolução, a uma nova forma de fazer a banca muito ligada ao digital", disse ao ‘Negócios’.
SAIBA MAIS
12,9
mil milhões de euros foi quanto custou aos contribuintes a salvação dos bancos, entre 2007 e 2016, segundo as contas do Instituto Nacional de Estatística (INE). É o equivalente a 7% do PIB.
Nacionalização do BPN
O governo de José Sócrates nacionalizou o BPN no início de novembro de 2008. Pouco depois, o Estado deu uma garantia aos bancos para emprestarem 450 milhões de euros ao BPP.
Atuação no BES e na CGD
A aplicação da medida de resolução ao BES, no início de agosto de 2014, foi mais um sinal de que a Banca estava em dificuldades. E, em 2017, a CGD, banco público, recebeu uma injeção de 2,5 mil milhões de euros.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt