PSD acusa oposição de estar ao serviço de Salgado

O PSD acusou os partidos da oposição - PS, PCP e BE - de estarem ao serviço de Ricardo Salgado, ex-presidente do BES. O ataque dos sociais-democratas surge depois de os três partidos terem apresentado requerimentos pedindo a inquirição do Presidente da República, através de carta, sobre as reuniões que o Chefe de Estado teve com o banqueiro, reveladas numa carta enviada por Salgado à comissão de inquérito.

"O que nos parece é que, de repente, por obra e graça da carta de Ricardo Salgado, o espírito de colaboração que existia cedeu perante a tentação irresistível de passar ao jogo político partidário", argumento o deputado do PSD Carlos Abreu Amorim.

O deputado foi mais longe e sugeriu que os três partidos parecem "estar a colocar-se ao serviço de estratégias que querem perturbar o inquérito e a investigação". "São partidos que tautologicamente parecem estar a seguir a estratégia de Ricardo Salgado", sugeriu Carlos Abreu Amorim.

O PSD continua a insistir que o Presidente da República não responde perante a Assembleia da República, um argumento que a oposição diz ser uma formalidade.

"É inadmissível"

Na resposta à acusação do PSD, a deputado bloquista Mariana Mortágua afirmou que Carlos Abreu Amorim estava a "abrir processos de intenção sobre os requerimentos". "É uma acusação que o BE não aceita."

Do lado do PCP, o deputado Miguel Tiago recusou fazer comentários, mas sublinhou que "o que este grupo parlamentar não está a fazer é o jogo do bode expiatório".

Já Pedro Nuno Santos, deputado socialista, passou ao ataque: "Como é que a colaboração e prestação de informações pode ajudar a estratégia de Salgado?"

E acrescentou: "É inadmissível que depois de tantas audições e tantos requerimentos, quando é feito um pedido para ouvir o Presidente da República o PSD decide dizer que os deputados estão a fazer o jogo de Ricardo Salgado", lamentou Pedro Nuno Santos.

Os requerimentos dos três partidos acabaram chumbados pela maioria PSD/CDS-PP, com oito votos contra e seis a favor da inquirição do Chefe de Estado.