Teixeira dos Santos forçado a sair do Eurobic

Filha do antigo presidente de Angola esteve quarta em Lisboa, de onde partiu rumo a Londres.

24 de janeiro de 2020 às 01:30
Teixeira dos Santos substituiu Mira Amaral à frente do EuroBic em 2016. Foi ministro das Finanças no tempo de José Sócrates Foto: David Martins
Isabel dos Santos esteve em Lisboa, no mesmo dia que o procurador-geral da República de Angola, Hélder Pitta Grós, anunciou que era arguida por gestão danosa e desvio de fundos quando era presidente da petrolífera angolana Sonangol Foto: Tass
Tchizé é irmã de Isabel dos Santos. Nasceu em Luanda em 1978. Foi deputada do MPLA. Diz-se ameaçada: “Já me disseram: vão-te tirar tudo, vão destruir a tua vida, até o Banco Prestígio [vai] falir”, afirma a filha de José Eduardo dos Santos Foto: Lusa

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A atual administração do EuroBic, que se encontra em final de mandato, vai sofrer profundas remodelações. Dois nomes são particularmente visados: o presidente da Comissão Executiva e ex-ministro das Finanças de Sócrates, Teixeira dos Santos, e o antigo administrador do Banco Português de Negócios (BPN) e atual administrador do EuroBic com a área do Private Banking, Rui Pedras.

Segundo apurou o CM, o Banco de Portugal considera impossível a continuação destes dois elementos na administração do EuroBic. A única dúvida é se a saída deve ser imediata ou em março com o fecho das contas e com a designação de uma nova administração.

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Mais, desde outubro que Teixeira dos Santos foi chamado várias vezes ao Banco de Portugal para dar explicações.

Esta realidade foi objeto de uma reunião da administração realizada quarta-feira na sede do EuroBic em Lisboa, com a presença de Teixeira dos Santos, de onde saiu a decisão de venda dos 42,5% do capital detido por Isabel dos Santos.

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Segundo apurou o CM, a própria Isabel dos Santos esteve quarta em Lisboa (no mesmo dia em que foi constituída arguida em Angola) para decidir os contornos da venda. A filha do antigo presidente angolano abandonou Lisboa ao fim da tarde, num voo comercial em direção a Londres.

Regulador dos mercados já está a investigar empresas

"A CMVM iniciou, desde segunda-feira, ações de supervisão concretas", confirmou ontem a presidente Gabriela Figueiredo Dias. Ao confirmar-se a existência de irregularidades, o regulador decidirá que medidas adotar. "Pode levar a multas, sanções, processos de contraordenação, perdas de idoneidade", explicou a responsável.

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A CMVM garante ainda estar em contacto direto com outros reguladores, como o Banco de Portugal ou a Anacom, devido a este caso.

Irmã desafia Isabel a devolver 75 milhões

Para a filha de José Eduardo dos Santos, Isabel devia retribuir as oportunidades de negócio de que beneficiou em Angola e saldar a dívida para com a Sonangol.

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"O que está em causa é a dívida de 75 milhões? Pague, então, se estão a pedir euros e não querem kwanzas, apesar de um Estado, normalmente, querer receber na sua moeda, mas se precisa de dólares e está a pedir à cidadã, a cidadã que mais beneficiou das oportunidades de negócio em Angola, está na hora de a cidadã retribuir tudo o que o Estado lhe proporcionou, propiciando que fizesse grandes negócios e tornar-se a mulher que é hoje", desafiou Tchizé. "Vamos resolver isso, Angola é de todos", concluiu.

PORMENORES

Posição na Nos

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Isabel dos Santos é acionista da Nos através da Zopt, detida em partes iguais com a Sonae. A empresária controla assim, de forma indireta, 26% da operadora de telecomunicações.

Investimento na Galp

Isabel dos Santos controla, indiretamente, 6% da Galp, uma posição que está avaliada em cerca de 750 milhões de euros. Em dezembro, a empresária reconhecia que este tinha sido o investimento "mais rentável na história" da Sonangol.

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Efacec ‘escapa’

Em Portugal, Isabel dos Santos é também dona de 75% do capital da Efacec. Como a empresa não negoceia em Bolsa, fica de fora do crivo do regulador dos mercados, a CMVM.

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