Roque diz que nada tem que ver com este problema, mas admite ter vendido acções do Banif às empresas Sopar, Invesras e Rentigest, que chegaram a ter 22,5% do banco e que eram detidas por Francisco da Cruz Martins, António Figueiredo e Eduardo Capelo Morais. "Vendi as acções às empresas que eles representavam, mas não as voltei a comprar", disse o presidente do Banif, sublinhando que todas as operações que fez estão devidamente registadas.
No entanto, o CM apurou que na origem da sociedade Rentigest, constituída em 1996, está Horácio Roque e Francisco da Cruz Martins. O presidente do Banif foi sócio de Cruz Martins (em nome individual e como representante da Rentipar) até 1998, altura em que vendeu a sua participação na sociedade e saiu.
Francisco da Cruz Martins e os dois empresários, António Figueiredo e Eduardo Capelo Morais, desempenharam funções no Banif entre 1994 e 1999 em representação das três empresas: a Sopar, Invesras e Rentigest. "Nunca suspeitei que eles actuassem como ‘testas-de-ferro’ do Governo angolano", disse Horácio Roque, que garantiu que "nunca soube que o dinheiro vinha de Angola".
Só em 2008 é que o Estado angolano se apercebeu de que os milhões enviados para Portugal tinham desaparecido e que as acções adquiridas por Cruz Martins não existiam.
PERFIL
Horácio Roque tem 65 anos. Iniciou a sua actividade empresarial aos 18 anos, em Angola. Em 1980, iniciou os investimentos em Portugal, no mercado imobiliário, indústria, serviços, turismo, comércio internacional, banca e seguros. Na área financeira, Horácio Roque preside ao Banif, grupo financeiro do qual é accionista maioritário. Criou, em 1991, a Fundação Horácio Roque, para actuar nas áreas educativa, social e cultural.
PORMENORES
VÍTOR CONSTÂNCIO
O governador do Banco Nacional de Angola, que na altura era Amadeu Maurício, solicitou em 2008 a intervenção de Vítor Constâncio. Constâncio terá chamado Horácio Roque para o questionar sobre o problema.
TESTEMUNHAS OUVIDAS
Os antigos governadores do BNA, Amadeu Maurício, Generoso de Almeida e António Furtado, já foram ouvidos como testemunhas. A sociedade de advogados Amaral Blanco, Portela Duarte e Associados (ABPD) representa Angola.