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Correio da Manhã

Economia
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Banco de Portugal quer juros a descer

Problemas nos bancos levam BdP a rever em baixa taxa a 3 meses da Euribor entre 2023 e 2025.
Raquel Oliveira 27 de Março de 2023 às 01:30
Governador Mário Centeno
Kristalina Georgieva, diretora-geral do FMI, deixa alerta
Primeiro-ministro, António Costa, anunciou a medida
Banco responde em 10 dias
Nazaré Costa Cabral, responsável pelo CFP
Governador Mário Centeno
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Nazaré Costa Cabral, responsável pelo CFP
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Banco responde em 10 dias
Nazaré Costa Cabral, responsável pelo CFP
A turbulência financeira das últimas semanas poderá ter atenuado a subida das taxas Euribor, que tem impactos diretos nas prestações mensais do crédito à habitação das famílias. É pelo menos o cenário que admite o Banco de Portugal que reviu em baixa a taxa Euribor no prazo de três meses, ao descer de 3,6% para 3% este ano.

O colapso dos americanos Silicon Valley Bank e Signature Bank e do suíço Credit Suisse, já depois do fecho dos dados, levou o Banco de Portugal a rever as taxas de juro para 2023, 2024 e 2025 no Boletim Económico, divulgado sexta-feira por Mário Centeno.

A queda das três instituições bancárias foi travada pela intervenção dos reguladores mas os efeitos continuam a fazer-se sentir com o rumor de que o Deutsche Bank poderá ser o próximo a cair.

Com a atualização, a evolução da Euribor a três meses - que tem por base as expectativas implícitas nos contratos de futuros - deverá descer este ano para 3%, para 2,9% em 2024 e 2,7% em 2025.

Antes da crise, o BdP tinha revisto em alta as previsões feitas em dezembro para a Euribor a três meses, “em todo o horizonte da projeção”, apontando para 3,6%, em média, em 2023, 3,8% em 2024, e 3,2% em 2025.

Apesar de a Euribor mais utilizada no crédito à habitação ser a dos prazos de 12 e seis meses, a taxa a três meses acompanha de perto a tendência, pelo que é expectável que estas duas também abrandem o agravamento que se começou a sentir a partir de junho de 2022.

Segundo a instituição liderada por Mário Centeno, a Euribor a 12 meses representa 43% do conjunto de empréstimos para habitação própria permanente com taxa variável, enquanto a Euribor a seis meses representa 32%. A taxa Euribor a 12 meses, que atualmente é a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, fixou-se em fevereiro em 3,534%. Já a média da Euribor a seis meses subiu de 2,864% em janeiro para 3,135% em fevereiro, enquanto no prazo de três meses fixou-se em 2,640% em fevereiro, um acréscimo de 0,286 pontos face a janeiro de 2023.   

PORMENORES
10 de março
A falência do banco do estado da Califórnia Silicon Valley Bank em 10 de março suscitou preocupações quanto à solidez do setor bancário nos EUA e na Europa.

19 de março
As dúvidas em torno do sistema financeiro adensaram-se com a queda do Credit Suisse, que viria a ser comprado pelo também suíço UBS, como anunciado a 19 de março.

20 de MARÇO
Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, deu alguma tranquilidade à zona euro, ao assegurar meios para dar liquidez ao sistema financeiro.

24 de março
Nova onda de alarme, envolvendo, entre outros, o alemão Deutsche Bank, levou as bolsas europeias a fechar com perdas no final da semana passada.

FMI pede vigilância contínua
A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, pediu este sábado “vigilância contínua” face à “elevada incerteza” que existe no setor financeiro. Os avisos seguem-se a duas semanas de grande incerteza em torno da solidez financeira de alguns bancos nos Estados Unidos e na Europa.

A diretora-geral do FMI avisou este sábado para o aumento dos riscos, no decorrer de uma conferência em Pequim, capital da China. Georgieva lembrou que as incertezas na economia mundial continuam “excecionalmente elevadas”, estando previsto um crescimento mundial abaixo dos 3%, devido à guerra na Ucrânia e à nova linha da política mundial de vários bancos centrais, com a subida das taxas de juro.

A aquisição do Credit Suisse pelo UBS, coordenada pelas autoridades suíças, bem como as recentes medidas do banco central para melhorar o acesso à liquidez, evitaram o pânico, mas não chegaram. “Estas medidas aliviaram até certo ponto as tensões do mercado, mas a incerteza é elevada, o que sublinha a necessidade de uma vigilância contínua”, frisou Georgieva.

Ajuda até 720 euros num ano com bonificação
Para mitigar o efeito da subida acelerada das taxas de juro, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou um apoio às famílias com crédito à habitação. A medida prevê uma bonificação dos juros, a pagar retroativamente a janeiro deste ano, e destina-se a famílias com rendimentos até ao sexto escalão de IRS, inclusive, desde que a prestação mensal a pagar ao banco seja superior a 35% do rendimento no mesmo período (taxa de esforço). O apoio anunciado terá um limite máximo de 720 euros/ano (60 euros por mês).

Apoio deve ser pedido ao banco
Para aceder à ajuda da bonificação dos juros do crédito à habitação, as famílias têm de fazer um pedido junto da instituição bancária. Após 10 dias úteis, o banco irá comunicar se o agregado familiar está ou não apto a receber este apoio.

DESCIDA SÓ EM 2025
As previsões do Conselho de Finanças Públicas, também divulgadas a semana passada, apontavam para um alívio dos juros só a partir de 2025. Segundo a instituição liderada por Nazaré Costa Cabral, para este ano, a taxa a três meses da Euribor deverá fixar-se em 3,6% e manter-se neste valor no próximo ano.

Inflação
As Euribor começaram a subir mais significativamente após 4 de fevereiro de 2022, depois de o Banco Central Europeu ter admitido subir as taxas.

SUÍÇA PROCESSOS
Os administradores do Credit Suisse podem vir a ser alvo de processos pelo supervisor suíço por gestão negligente do risco no banco, sendo que ainda é uma “questão em aberto”, admite o presidente da Finma, citado pelo ‘Negócios’.
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