De acordo com os dados revelados ontem pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), no que respeita ao tempo de permanência dos desempregados nos ficheiros, assistiu-se a uma subida de 42,4% dos que estavam inscritos há menos de um ano.
O 'fim de trabalho não permanente' continua a ser o principal motivo de inscrição e foi a razão invocada por 38,8% dos desempregados, que se dirigiram aos centros de emprego durante o mês de Março.
94.000 POSTOS DE TRABALHO
Entre Março deste ano e Agosto de 2008, altura em que a crise teve início, Portugal perdeu cerca de 94 mil postos de trabalho.
"NÚMEROS ATINGIRAM NÍVEIS INSUSTENTÁVEIS" (João Proença, Secretário-geral da UGT)
Correio da Manhã – Como é que reage ao aumento de 23,8 por cento dos desempregados inscritos nos centros de emprego divulgado pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional?
João Proença – Estes números demonstram que o desemprego tem estado a crescer a um ritmo muito rápido. Era de prever que o desemprego aumentasse, mas de forma mais lenta. Agora os números atingiram níveis insustentáveis.
– A este ritmo é de esperar que as previsões do FMI de uma taxa de desemprego de 11% em 2010 se concretizem?
– As previsões, neste momento, são extremamente incertas. Ainda assim, os 9,6 por cento que o FMI prevê para este ano parecem ser cada vez mais uma realidade. O Banco de Portugal também já tinha alertado para um aumento deste indicador.
– Como é que se pode contrariar a tendência de aumento da perda de postos de trabalho?
– Antes de mais é necessário avaliar qual o impacto real da crise. Ainda hoje a UGT propôs a criação de um observatório de acompanhamento da crise, para apurar como é que as medias anticrise estão a ser aplicadas e o impacto real que têm.
– As medidas até agora anunciadas pelo Governo são suficientes para travar esta tendência?
– O investimento público é importante. É importante que haja obras de recuperação de escolas e tudo o mais, mas não se sabe qual é o impacto real que essas medidas estão a ter. Não tem havido uma análise real, para apurar qual é a realidade vivida pelos trabalhadores e pelas empresas ou porque é que as empresas não recorrem às ajudas disponíveis. Para já, ninguém sabe qual o impacto real das medidas que o Governo tem em vigor e é preciso mais informação e acompanhamento, até porque se há um aumento do desemprego isso poderá ter a ver com o facto de as medidas governamentais ainda não estarem a surtir efeito.