A decisão foi tomada em Março pelo executivo camarário, após um requerimento apresentado pela empresa nipónica a solicitar a redução da taxa, já paga, no valor de mais de 132 mil euros.
Com o cancelamento, todos temem o pior. "Quando achámos que a situação ia melhorar, acontece isto. Perdemos o sonho de ter emprego", desabafa Alegria Marques, dona de um café junto à fábrica.
A Nissan Europa já tinha começado a dar formação a pelo menos seis jovens engenheiros. Os recém-licenciados iriam iniciar a primeira linha de componentes de baterias, juntamente com técnicos japoneses. José Gamelas é pai de um dos jovens que teriam emprego ao pé de casa. "O meu filho está no Japão a aprender. Eles souberam da decisão na segunda-feira, mas é quase certo que tenha emprego numa outra filial", confirmou ao CM.
FUNCIONÁRIOS IAM TER FORMAÇÃO
As 200 pessoas que iriam ocupar os postos de trabalho teriam de frequentar um curso especializado. Os candidatos eram todos desempregados.
QUATRO FÁBRICAS SÃO SUFICIENTES
Após uma detalhada análise ao plano de negócios, a administração Renault/Nissan chegou à conclusão de que as quatro unidades existentes são suficientes até 2016.
COMERCIANTES QUEIXAM-SE DE FALTA DE CLIENTES
Rita Martins é uma das proprietárias do restaurante e retiro São José, situado a menos de cinco minutos daquela que
seria a Nissan de Cacia. Com o anúncio da suspensão, a jovem começou a fazer contas à vida. "Sem estas fábricas, não conseguiríamos sobreviver. Pensei que tudo ia melhorar, mas afinal não." Também António Santos, que trabalha na Renault da localidade, lamenta o sucedido. "Tiraram a última oportunidade a centenas de pessoas. É triste", afirma.
BASÍLIO HORTA FALA EM ATRASOS
O antigo presidente da AICEP lamenta que o Governo e a Nissan nunca tenham assinado o memorando de entendimento para a nova fábrica de Aveiro, que está no Ministério da
Economia "há mais de um ano". Basílio Horta culpa ainda o abandono de incentivos fiscais à mobilidade eléctrica.
"HIBERNAÇÃO DO INVESTIMENTO"
O presidente da AICEP sublinha que a decisão da Nissan de suspender a fábrica de baterias em Aveiro não é uma desistência, mas sim uma "hibernação" do investimento. "Isto é uma suspensão de um investimento e não um cancelamento", afirmou Pedro Reis à agência Lusa.